A Junta de Freguesia do Lumiar já comunicou à Câmara Municipal de Lisboa (CML) quais os terrenos identificados como possíveis alternativas àquele para onde está prevista a construção da nova igreja de Telheiras — um terreno adjacente a duas escolas. Mas o padre da paróquia, João Paulo Pimentel, ainda não foi contactado pela CML para essa negociação. “Está tudo completamente parado”, disse ao Observador.
O presidente da Junta de Freguesia do Lumiar, Pedro Delgado Alves, garantiu ao Observador que já informou a CML sobre quais são as “parcelas de terrenos municipais que estão expectantes, sem uso determinado ou com mera utilização provisória”. E que podem, por isso, ser possíveis hipóteses para a construção da nova igreja — à qual a Junta, a Associação de Pais e a Associação de Residentes (e as mais de 3,3 mil pessoas que assinaram a petição contra o projeto) se opõem.
O processo de identificação de terrenos e espaços alternativos terá de ser desenvolvido diretamente pela CML e com envolvimento do Departamento de Habitação e Património”, explicou Pedro Delgado Alves ao Observador.
O presidente da CML, Fernando Medina, numa assembleia municipal realizada na semana passada, mostrou-se “totalmente disponível para fazer uma permuta” de terrenos, para que a igreja seja construída noutro local. “Estamos muito disponíveis para trabalhar com a Igreja e aliás tomaremos a iniciativa de contacto”, disse. Mas a iniciativa ainda não foi tomada. Nem da parte da CML, nem da paróquia. “Considerei que na semana santa não deveria tomar iniciativa“, admitiu o padre João Paulo Pimentel ao Observador, acrescentando que também está “aberto à hipótese de construir [a igreja] noutro lado”.
É consensual: construir a igreja noutro terreno é solução partilhada por todas as partes envolvidas na polémica. “Estamos à espera que a CML nos contacte e diga quais são as alternativas”, disse ainda o padre. O Observador questionou a CML sobre se já tinha sido feito algum contacto com a paróquia mas, até ao momento, não obteve resposta.
“Não chega já o Sporting?” Nova igreja de Telheiras poderá ser construída noutro terreno
As hipóteses: mudar a escola de sítio, construir só o centro paroquial e outras duas
“Se não há alternativas de terreno, o que é que eu faço?” A pergunta foi feita pelo padre João Paulo Pimentel, na última sessão de esclarecimento sobre o projeto da nova igreja, no dia 15 de março. O terreno para onde está prevista a construção é o Lote K0. Trata-se de um espaço ajardinado, adjacente à Escola Básica nº1 e ao Jardim de Infância de Telheiras. A pergunta do padre ficou sem resposta. Mas a premissa pode, pelo menos, ser questionada. É que as alternativas ao terreno para onde foi projetada a construção existem. Podem ser poucas. E, alerta o presidente da Junta do Lumiar: “Nenhum destes cenários foi ainda testado quanto à sua viabilidade construtiva e conformidade com o PDM ou capacidade de satisfação das necessidades da Paróquia.” Mas existem, pelo menos, hipóteses.
Uma delas é um terreno no cruzamento da Rua Professor Castro Mendes com a Rua Eduardo Prado Coelho — a cerca de um quilómetro do Lote K0. Outra é o terreno contíguo ao Pavilhão do Alto da Faia — a pouco mais de um quilómetro do terreno em questão –, que a Junta de Freguesia assinalou como “uma zona ampla com possibilidade de implantação”.
Outra hipótese foi sugerida por uma encarregada de educação e ficou logo conhecida na sessão de esclarecimento: construir a igreja no recreio na zona traseira da Escola Básica nº1 de Telheiras e, por sua vez, construir o recreio no Lote K0. O acesso à futura igreja seria feito pela Rua Francisco Gentil. A reação foi negativa. “A resposta é claramente não. O que nós queremos preservar é o quadrado verde”, explicou uma das promotoras da petição.
Se o patriarcado aceitar construir apenas um centro paroquial (e não a igreja e a capela mortuária), há mais um terreno que se acrescenta à lista: uma parcela municipal na Estrada de Telheiras, em local contíguo ao parque canino do Lumiar — a 500 metros do lote K0 e a 200 da igreja já existente, a Igreja de Nossa Senhora da Porta do Céu.
Esta é a lista de hipóteses presente à CML. Pedro Delgado Alves não deixa de sublinhar que corresponde a “meros levantamentos” a partir daquilo que está indicado como “parcelas municipais da consulta da cartografia” em sua posse e alerta: “Podem estar desatualizados, daí que só com intervenção detalhada municipal se poderá aprofundar o tema.”
Ainda assim, o presidente da Junta defende que só depois de discutida a lista se poderá ponderar o projeto em si, sobre o qual tem “as maiores reservas”. A discussão sobre o assunto não terá um fim tão depressa: está prevista uma nova sessão de esclarecimento, desta vez, com um representante da Câmara Municipal de Lisboa. A data ainda está por marcar.