A Associação de Utentes e Sobreviventes do IP3 entregou esta sexta-feira uma petição na Assembleia da República, com “mais de sete mil assinaturas”, reivindicando “a melhoria e alargamento” da via, entre Coimbra e Viseu, sem introdução de portagens. O facto de em “cerca de dois meses” a petição ‘Melhoria e alargamento do IP3 sem portagens — Pela segurança, acessibilidade e desenvolvimento’ ter sido subscrita por aquela quantidade de pessoas constitui a “demonstração inequívoca da vontade das populações e utilizadores pela melhoria” desta estrada, que é uma “via estruturante”, sustenta a associação.

Lançada pela associação de utentes do IP3, a petição foi entregue nos serviços administrativos da Assembleia da República (“dificuldades de agenda do presidente” deste órgão impediram que o documento fosse diretamente entregue a Eduardo Ferro Rodrigues), esta sexta-feira de manhã, disse à agência Lusa Álvaro Miranda, da Associação de Utentes e Sobreviventes do IP3, cujos representantes também foram recebidos por uma delegação do grupo parlamentar do PCP. A petição reclama, designadamente, a “reparação urgente do piso” da via, a “estabilização dos taludes”, a “correção dos graves problemas de segurança”, a “instalação de separador central” no lanço onde ainda não existe e a “manutenção do IP3 ao serviço da economia e das populações”.

“Defendemos que todo o trajeto entre Coimbra e Viseu tenha via dupla em toda a sua extensão” (perto de 80 quilómetros) e que sejam suprimidos os cruzamentos de nível, mas sem a introdução de qualquer portagem, sublinhou à agência Lusa Álvaro Miranda, destacando que no troço da via entre Trouxemil, no concelho de Coimbra, e o nó de acesso ao IC6 (Penacova) circulam “entre 18 mil e 20 mil veículos por dia, grande parte dos quais pesados”. Mais importante ainda é o facto de este itinerário principal (IP) registar elevados índices de sinistralidade, realça Álvaro Miranda, referindo que entre 1991 e 2017 ocorreram mais de 1.800 acidentes no lanço entre a zona do Botão (Coimbra) e Oliveira do Mondego (Penacova), com cerca de 20 quilómetros, que provocaram um total de 123 mortos e 1.836 feridos.

Sobre a construção de uma autoestrada entre Coimbra e Viseu, como tem vindo a ser reivindicado designadamente por alguns municípios da região, mesmo que sujeita a portagens, a Associação de Utentes e Sobreviventes do IP3 nada tem a opor, desde que essa via “não comprometa o IP3” e que este itinerário seja reabilitado, duplicado nas vias e não sujeito a portagens. A associação de utentes, que está sediada em Oliveira do Mondego (Penacova), vai, entretanto, continuar a recolher subscritores da petição, para adicionar ao documento que entregou esta sexta-feira na Assembleia da República, dada “a urgência de várias das intervenções a realizar neste itinerário principal e uma vez foi ultrapassado o número mínimo de quatro mil assinaturas para obrigar à discussão da petição”, disse Álvaro Miranda.

Mas, entretanto, é “obrigação urgente do Governo, da Infraestruturas de Portugal, do Ministério do Planeamento e das Infraestruturas resolver este grave problema, salvando vidas, apoiando a economia do País e o desenvolvimento desta vasta região, elevando simultaneamente a qualidade de vida de todos os que têm necessidade de circular por esta rodovia”, conclui o dirigente da associação de utentes do IP3. O Itinerário Principal (IP) 3, que liga a fronteira de Vila Verde da Raia, no concelho de Chaves, à Figueira da Foz, atravessando territórios dos distritos de Vila Real, de Viseu e de Coimbra, possui uma extensão de 279 quilómetros, dos quais 202 quilómetros em perfil de autoestrada, sendo os restantes 77 quilómetros (correspondentes à ligação entre Coimbra e Viseu) em perfil de via rápida.

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