A deslocação do Benfica a Setúbal ficou marcada ainda antes do apito inicial do encontro: a certa altura do período de aquecimento, Jonas, acompanhado pelo diretor Tiago Pinto, encaminhou-se para a zona dos balneários, desceu as escadas de acesso ao túnel com muitas cautelas e por lá ficou, com Raúl Jiménez a juntar-se aos restantes titulares nos exercícios que estavam a fazer a cerca de 20 minutos do início da partida no Bonfim.

Pouco depois de ser anunciada a alteração na ficha de jogo (Diogo Gonçalves, que devia ficar fora dos 18, foi chamado para o banco de suplentes), os encarnados comunicaram que o avançado brasileiro, que está cada vez mais perto de mais uma marca histórica pelo clube (100 golos no Campeonato), teve “queixas na região lombar”. Mais tarde, já depois do encontro, Rui Vitória sossegou as hostes benfiquistas. “Vamos esperar que não seja nada complicado, creio que estará disponível para o próximo jogo”, referiu na zona de entrevistas rápidas.

Em paralelo, e explicando o que pode fazer um treinador quando tem de efetuar uma mexida na equipa entre jogadores com características diferentes para a mesma posição e só tem alguns minutos antes do apito inicial, Rui Vitória aproveitou não só para elogiar o desempenho do mexicano mas também a entrada de Salvio, que tem ficado no banco desde que regressou de várias semanas de ausência por lesão em detrimento de Rafa.

Quando os jogadores têm disponibilidade mental para o jogo tudo é mais fácil. Cada um deles sabe que o seu momento pode aparecer, estamos de bem com a vida. O Raúl ouviu e entendeu o que era necessário. Temos a capacidade de os trazer para dentro da equipa. É evidente que foi o melhor marcador que ficou de fora, mas a equipa adapta-se e faz com que o jogadores se sintam muito bem. O Salvio, que esteve parado, entrou e parecia que queria ganhar este mundo e outro. São estes os jogadores que temos e estamos satisfeitos”, disse.

Percebe-se o porquê dos elogios, sobretudo em relação ao mexicano que já tinha brilhado em Santa Maria da Feira (com um golo) e na receção ao V. Guimarães, onde fez um cruzamento de letra para Jonas que correu mundo. Esta noite no Bonfim, o avançado voltou a bisar num jogo dois anos e meio depois, chegou aos 31 golos com a camisola do Benfica, manteve a eficácia de 100% na transformação de grandes penalidades e contribuiu para a sétima vitória dos encarnados decidida por si desde que chegou à Luz vindo do Atl. Madrid, em 2015.

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“Sabemos que isto tem 90 minutos mais os descontos, até que o árbitro apite isto não se acaba. Há que seguir assim. Foi sofrido mas no final conseguimos o objetivo. Eles fecharam-se bem atrás. Não nos deixaram muito espaço para conseguirmos fazer o nosso jogo e saíam em contra-ataque, era dessa forma que conseguiam criar perigo. Tivemos essas oportunidades e conseguimos ganhar. A titularidade foi surpreendente, nunca queremos que essas coisas aconteçam mas um colega de equipa lesionou-se. É a demonstração de que estamos focados e a trabalhar para a equipa. Saíram-me bem as coisas. Felizmente, hoje tocou-me fazer os golos mas o grande trabalho foi de toda a equipa”, salientou o dianteiro na flash interview após o encontro.

Por fim, uma nota curiosa: de acordo com o Playmakerstats, o segundo jogo que o Benfica venceu em período de compensação na Liga esta época (Seferovic fez o 1-0 em Chaves na segunda jornada aos 90+2′) foi também o primeiro em que os encarnados ganharam fora de casa com um penálti convertido nos descontos.