O Grande Prémio do Bahrain tinha tudo para ser um ser uma grande corrida para a Ferrari. A scuderia com sede em Maranello conseguiu conquistar os dois primeiros lugares da grelha de partida e viu ainda Lewis Hamilton ser penalizado em cinco lugares por ter trocado de caixa de velocidades, tendo sido obrigado a sair do nono lugar. Mas a prova acabou por ter um sabor agridoce para a equipa italiana, tudo porque um mecânico da equipa foi atingido na perna por uma das rodas traseiras do carro de Kimi Räikkönen. Resultado: uma dupla fratura na perna esquerda de Francesco Cigarini e uma multa de 50 mil euros para a Ferrari por ter posto em perigo a integridade física de elementos do staff.

[Veja o vídeo do momento que o mecânico da Ferrari é atingido]

https://www.youtube.com/watch?v=CfW4VMvUSnY

Alguns minutos depois do fim da corrida a equipa dava conta de que o mecânico tinha, aparentemente, fraturado a tíbia e o perónio. Em declarações à imprensa, Räikkönen disse que “é sempre mau quando alguém se magoa” e desejou que Francesco recuperasse rápido. Sebastian Vettel falou de “um dia com misto de emoções”, apesar da vitória na corrida.

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Mas como é que isto aconteceu? Para se perceber é importante falar das estratégias de pneus usadas pelas duas principais equipas: Ferrari e Mercedes. Os dois pilotos do ‘Cavalinho Rampante’ começaram com pneus super-macios, tal como Valtteri Bottas. Lewis Hamilton iniciou a corrida com pneus macios. Numa corrida com 57 voltas, o primeiro destes pilotos a parar foi Vettel, na volta 18. Pôs pneus-macios e na volta seguinte o colega de equipa fez o mesmo. Com tantas voltas ainda pela frente — e com uns pneus que se desgastam rápido — tudo fazia crer que a equipa italiana ia apostar numa estratégia de duas paragens nas ‘boxes’ para os seus pilotos. Mas na volta 20 a Mercedes mandou entrar Bottas e colocou pneus médios no carro do finlandês. A posição assumida era clara: aqueles pneus eram para ir até ao fim. Na volta 26 Hamilton colocou o mesmo tipo pneus.

A partir daqui a estratégia de duas paragens da Ferrari podia ficar comprometida. Se parasse, Vettel ia regressar atrás dos Mercedes mas uma troca para pneus super-macios poderia permitir recuperar de novo. Ao manter-se em pista até ao fim corria o risco de os pneus se degradarem bastante. E, talvez numa tentativa de perceber se a estratégia de duas paragens seria benéfica para Vettel, a Ferrari mandou de novo entrar Räikkönen. Mas na altura da troca o pneu traseiro do lado esquerdo não saiu, e apesar de o mecânico ainda estar em posição para colocar o novo alguém baixou o carro e as luzes verdes acenderam para que o piloto pudesse arrancar. O resto da história já se sabe.

O meu trabalho é arrancar quando as luzes ficam verdes. É a única coisa para que olhamos. Infelizmente um dos rapazes pagou um preço elevado por qualquer que tenha sido o erro”, disse Räikkönen

De resto, Vettel acabou mesmo por ter que fazer o resto da corrida sem parar de novo, naquilo que a Ferrari chegou a classificar como “Plano D”. Apesar de tudo, o alemão conseguiu a segunda vitória em duas corridas e aumentou para 17 pontos a distância para Lewis Hamilton no topo da classificação do mundial (o britânico ficou em terceiro). Bottas, que nas últimas voltas se aproximou de Vettel e chegou mesmo a lutar pela vitória no Bahrain, terminou em segundo. A surpresa da corrida foi o jovem Pierre Gasly, da Toro Rosso, que acabou no quarto lugar.