O enviado especial das Nações Unidas para a Síria alertou esta segunda-feira, no Conselho de Segurança, que os recentes acontecimentos aumentaram as tensões globais, atraindo atores nacionais, regionais e internacionais “para situações perigosas de confronto potencial ou real”.

Staffan de Mistura afirmou, na reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU, depois de um alegado ataque químico em Douma, que matou pelo menos 40 pessoas, que pela primeira vez em quatro anos na função estava preocupado com a segurança e paz internacional.

O responsável disse que os recentes desenvolvimentos “carregam mais do que nunca os perigos” sobre os quais o secretário-geral António Guterres alertou, referindo que as crescentes tensões “podem ter consequências absolutamente devastadoras que é difícil para nos até imaginarmos”.

“O conselho não pode permitir que uma situação de escalada incontrolável se desenvolva na Síria ou em qualquer frente. Em vez disso, devemos encontrar unidade e abordar a paz e a segurança internacionais”, afirmou.

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Segundo a organização não-governamental “Capacetes Brancos”, dedicada ao resgate de vítimas das zonas sob controlo dos rebeldes, o alegado ataque químico contra Douma, o último bastião rebelde em Ghouta oriental, nos arredores de Damasco, foi conduzido pelas forças do regime do Presidente Bashar al-Assad, que é um aliado próximo da Rússia.

O ataque matou pelo menos 40 pessoas, entre as quais várias crianças, e afetou outras centenas em Douma. A Síria culpou, entretanto, Israel por um ataque com mísseis contra uma base aérea de Homs (centro), realizado hoje de madrugada, que matou 14 pessoas, incluindo três iranianos. O ataque contra Douma ocorreu dias depois de Trump ter reiterado a sua disposição para deixar a Síria.

A Síria, que entrou no oitavo ano de guerra, vive um drama humanitário perante um conflito que já fez pelo menos 511 mil mortos, incluindo 350 mil civis, e milhões de deslocados e refugiados. Desencadeado em março de 2011 pela violenta repressão do regime de Bashar al-Assad de manifestações pacíficas, o conflito na Síria ganhou ao longo dos anos uma enorme complexidade, com o envolvimento de países estrangeiros e de grupos ‘jihadistas’, e várias frentes de combate.