O Supremo Tribunal espanhol acredita que ainda é possível convencer o tribunal alemão de Schlewing-Holstein a extraditar o líder catalão Carles Puigdemont — e, se tal não acontecer, admite pedir apoio ao Tribunal de Justiça da União Europeia.

A notícia foi avançada por fontes judiciais aos jornais El Mundo e El Periódico, que dão conta de que os espanhóis esperam atualmente pela tradução da mensagem enviada pelas autoridades alemãs para decidir o próximo passo.

Segundo explica o El Mundo, a juiza de Schlewsig-Holstein pediu mais informação à Justiça espanhola sobre o crime de má gestão de fundos públicos de que Puigdemont está acusado — recorde-se que o independentista está também acusado por este crime para além do de rebelião. A ordem de detenção internacional, dizem, “não contém uma descrição suficiente das circunstâncias em que ocorreu o delito” e não revela “a concretização necessária para o associar de forma suficiente aos atos que lhe são imputados”.

As mesmas fontes explica, contudo, que o Supremo Tribunal não exclui a hipótese de pedir ao Tribunal de Justiça da União Europeia uma aclaração sobre o funcionamento das ordens de extradição. Para os espanhóis, este é um mecanismo “puramente formal” que não deveria ter em conta “valorações ou comparações com o código penal de outro Estado-membro da UE”, como foi feito relativamente ao crime de rebelião.

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Independentistas citam ONU e pedem que Sànchez possa ser votado no Parlamento

Ao mesmo tempo, o juiz do Supremo Pablo Llarena decidiu convocar para a próxima semana os nove independentistas presos para os ouvir e para lhes comunicar o auto dos crimes que pendem sobre eles. Entre eles incluem-se o líder da Esquerda Republicana Oriol Junqueras, o candidato cuja investidadura falhou Jordi Turull (do Juntos Pela Catalunha de Puigdemont) e Jordi Sànchez, líder da organização independentista ANC.

Este último irá ser apresentado como candidato ao cargo de presidente da Generalitat esta sexta-feira, para ser votado pelo parlamento catalão. Contudo, como está detido, tal só poderá ocorrer se o juiz Llarena autorizar.

Os independentistas tentaram, mesmo assim, fazer o pedido ao juiz. Roger Torrent, presidente do parlamento, enviou um pedido citando o documento da ONU que pede que sejam respeitados os “direitos políticos” de Sànchez. O pedido, contudo, está a ser descrito pelos jornais espanhóis mais como uma medida de desgaste do Estado espanhol, tentando colocar em evidência as alegadas falhas democráticas de Madrid, do que como uma esperança real de que Sànchez venha a poder ser investido.