O kwanza angolano voltou a depreciar-se, face ao euro, pela segunda vez numa semana, acumulando uma perda de 31% nos três meses do regime flutuante cambial, em que as taxas de câmbio são formadas nos leilões de divisas. Esta depreciação, que foi mais acentuada em janeiro e que desde fevereiro tem rondado um ritmo de quase 1% por semana, foi confirmada pela Lusa com cálculos feitos a partir das taxas cambiais oficiais do Banco Nacional de Angola (BNA), de 1 de janeiro e de 10 de abril.

Esta quarta-feira, a taxa de câmbio média do euro ronda os 268,4 kwanzas, quando a 1 de janeiro era de 185,40 kwanzas, o que representa uma depreciação de 30,9% no espaço de três meses. Já o dólar norte-americano é cotado à taxa média de 217,1 kwanzas, quando há três meses valia 165,92 kwanzas, uma depreciação, neste caso, de 23,5%.

A atual taxa de câmbio oficial foi formada após o último leilão de divisas, realizado na terça-feira pelo BNA e que permitiu a colocação de 50 milhões de euros — contra os 100 milhões de euros vendidos a 05 de abril –, destinados a vários setores, como importação de matéria-prima e pagamento de serviços para cobertura de operações de pequenas e médias empresas. Nesta sessão, em que contribuíram para o apuramento da taxa de câmbio as propostas de 17 dos 25 bancos participantes no leilão – no âmbito do novo regime flutuante cambial, iniciado a 09 de janeiro –, o euro passou a valer (na compra pelos clientes) 268,4 kwanzas, correspondente a uma depreciação de 0,39%.

No leilão de divisas desta semana voltaram a ser aplicadas, novamente, as regras anunciadas no final de janeiro pelo governador do BNA, José de Lima Massano, alterando os limites das propostas que podiam ser apresentadas pelos bancos, que depois são utilizadas para formar a taxa de câmbio do kwanza face ao euro. A 18 de janeiro, um outro leilão ao abrigo deste modelo — em que os bancos apresentam propostas de compra de divisas em kwanzas — foi suspenso pelo BNA, por as propostas terem ultrapassado o limite máximo (da cotação) definido pelo banco central para estas vendas, acima dos 300 kwanzas por cada euro.

Na reação, o BNA convocou os bancos comerciais para uma reunião, no dia seguinte, e revelou os novos contornos do modelo de leilão de divisas (euros), em que as propostas da “margem máxima” sobre a taxa de referência — ou seja o valor que os bancos podem colocar como apreciação ou depreciação da taxa de câmbio –, “não pode ser superior nem inferior a 2%”. “Significa que em qualquer um dos leilões, a variação máxima que poderá acontecer será de 2%, não mais, não menos”, avançou o governador do BNA, no final daquela reunião.

Desde então, a depreciação do kwanza face ao euro e ao dólar norte-americano tem ficado à volta de 1% por semana. No modelo cambial anterior, até 09 de janeiro, a cotação era fixada diretamente pelo BNA, com o kwanza indexado ao dólar norte-americano, mas passou então a ter moeda europeia como referência para o mercado nacional.

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