A Síria avisou esta sexta-feira, na ONU, o Ocidente de que “não terá outra opção” a não ser defender-se caso seja atacada. “Isto não é uma ameaça. Isto é uma promessa”, disse o embaixador sírio junto das Nações Unidas, Bashar al-Jaafari.

O diplomata reagiu assim ao facto de os países ocidentais terem neste dia passado em revista as suas opções militares para punir o regime sírio, que acusam de ter perpetrado um ataque químico na cidade de Douma, apesar das repetidas advertências de Moscovo e do secretário-geral da ONU, António Guterres.

Depois de ter falado de ataques iminentes com mísseis, a meio da semana, o Presidente norte-americano, Donald Trump, ainda não tinha tomado neste dia “uma decisão final”, segundo a embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Nikki Haley.

E apesar de se afirmarem convictos da responsabilidade do regime do Presidente Bashar al-Assad no ataque que fez mais de 40 mortos a 7 de abril perto de Damasco, os países ocidentais parecem estar a hesitar por receio de uma “escalada militar total” na Síria, nos termos de Guterres, sobretudo após as ameaças de retaliação da Rússia.

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Apoiante indefetível do regime de Assad, o presidente russo, Vladimir Putin, desaconselhou o seu homólogo francês, Emmanuel Macron, de qualquer “ato irrefletido e perigoso” na Síria, que poderá ter “consequências imprevisíveis”.  Macron disse a Putin, numa conversa telefónica, desejar que a concertação entre Paris e Moscovo “se intensifique”, com o objetivo de “devolver a paz e a estabilidade” à Síria, indicou o Eliseu.

“Procrastinações”, para Nikki Haley, que neste dia se impacientou numa reunião do Conselho de Segurança convocada a pedido de Moscovo. “A dada altura, vocês terão de fazer alguma coisa. Terão de dizer: ‘Já chega'”, sustentou a diplomata norte-americana referindo os numerosos vetos russos na ONU a uma investigação sobre o recurso a armas químicas e a continuação da sua utilização pelo regime sírio.

Mas o secretário-geral da ONU declarou-se preocupado com “tensões cada vez mais fortes”. “A incapacidade para encontrar um compromisso sobre a definição de um mecanismo de investigação ameaça conduzir a uma escalada militar total”, alertou, apelando aos membros do Conselho de Segurança para “agirem de maneira responsável nestas circunstâncias perigosas”.

A Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ), que vai reunir-se na segunda-feira, anunciou que os seus especialistas estão a caminho da Síria e começam a trabalhar no sábado.