O Governo está mais otimista e para além de esperar que a economia cresça ligeiramente mais do que aquilo que antecipava há meio ano no Orçamento do Estado para 2018, também vai rever a taxa de desemprego que espera para este ano. A taxa de desemprego deverá atingir os 7,6%, menos um ponto percentual que o esperado em outubro.

Mais crescimento, menos défice e mais emprego. Apesar de os números ainda poderem ser conservadores, o Governo está mais otimista com a evolução da economia ao longo deste ano face aquilo que esperava há meio ano.

No Programa de Estabilidade que apresentará esta sexta-feira, o Executivo vai rever a sua previsão para a taxa de desemprego dos atuais 8,6% para 7,6%, uma diferença de um ponto percentual.

A revisão deve-se, nas contas do Governo, exclusivamente ao crescimento do emprego do setor privado, que o Executivo antecipa agora que cresça 2,2%, o dobro do ritmo previsto no Orçamento do Estado para 2018, que foi entregue ao Parlamento em outubro.

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O Ministério das Finanças mantém, no entanto, a confiança de que será possível controlar o número de funcionários públicos. Tal como no Orçamento do Estado, o Governo conta que o emprego público desça 0,2%.

Em 2016 e em 2017, Mário Centeno também apontava que o número de funcionários públicos descesse por via das saídas para a reforma e de um controlo apertado nas entradas no Estado, e contestou as dúvidas da Comissão Europeia sobre a poupança que era estimada com este controlo. No entanto, o número de funcionários públicos acabou por aumentar nos dois anos, em especial devido ao reforço de funcionários feito em áreas consideradas estratégicas como o Serviço Nacional de Saúde ou as escolas.

No novo cenário que o Governo apresente ao final da tarde desta sexta-feira, será ainda revisto o crescimento da economia para este ano, dos atuais 2,2% para 2,3% do PIB. O Governo espera que a economia cresça exatamente ao mesmo ritmo nos dois anos seguintes – 2019 e 2020 -, abrandando de seguida para os 2,2% e 2,1% em 2021 e 2022, respetivamente.

A meta que mais dores de cabeça tem dado ao Governo, a do défice, será mesmo revista para 0,7%, depois do défice abaixo do esperado em 2017 – excluindo o impacto da operação de capitalização da Caixa Geral de Depósitos. A diferença face ao défice alcançado no ano passado é inferior a 300 milhões de euros, e se não contarmos com a parte que diz respeito à redução dos juros da dívida pública que o Estado prevê pagar, então a redução seria inferior a 170 milhões de euros. Face ao défice acordado no orçamento, o défice cairia cerca de 750 milhões de euros.

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O maior ajustamento é esperado para 2019, altura em que o Governo conta reduzir o défice de 0,7% para 0,2%, num ajustamento que a rondar os 1150 milhões de euros. Isto deixaria o défice num valor perto dos 310 milhões de euros, muito perto do equilíbrio no último ano da legislatura, e sem contar com possíveis melhorias nos custos com juros, que têm dado uma ajuda significativa na redução do défice nos últimos anos (só em 2017 ficaram mais de 400 milhões de euros abaixo do que esperado).

Nas contas de Mário Centeno, o saldo seria finalmente equilibrado no primeiro ano do próximo Governo, onde atingiria um saldo positivo de 0,7% do PIB, valor que duplicaria para os 1,4% em 2021.

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