O ex-comissário europeu das Relações Exteriores Chris Patten defendeu que o ocidente não pode ignorar os ataques com armas químicas na Síria e deve lidar de forma firme com a Rússia. Em entrevista à Agência Lusa, o britânico sublinhou que “o mundo não deve aceitar” o que aconteceu na Síria e deve “deixar claro que há um preço a pagar pelo uso de armas químicas”, considerando legítimo um “ataque cirúrgico”.

“Não sou a favor de enviar tropas, mas um ataque cirúrgico dirigido à origem das armas químicas é legítimo”, afirmou o último governador britânico de Hong Kong, separando o problema da guerra civil na Síria dos ataques com guerras químicas. Chris Patten destacou que é “muito provável que os russos saibam o que a Síria tem feito ao longo dos anos” e que é preciso “lidar de forma muito firme” com uma Rússia que se mostra “muito agressiva”, atacando a democracia ocidental através da ciberguerra, do abate do avião da Malásia, da anexação da Crimeia ou noutros incidentes em que joga com a “negação plausível”.

Outro exemplo que deu foi o envenenamento do ex-espião russo Sergei Skripal e da filha, Yulia, em Inglaterra, ao qual o Reino Unido respondeu com a expulsão de diplomatas, que foi seguida por vários outros países europeus. “Foi a atitude certa, mas foi muito limitada”, considerou Chris Patten, que foi também ministro de Margaret Thatcher, frisando que “enfrentar os russos é muito importante”.

Portugal foi um dos nove países que optaram por não expulsar quaisquer diplomatas russos, o que mereceu uma crítica implícita: “Se algumas pessoas em Portugal tivessem sido envenenadas, se os russos tivessem tentado assassiná-las, julgo que também iriam sentir-se muito incomodados e esperariam que nós [britânicos] vos apoiássemos”. Para Chris Patten, o combate ao “poder negativo” da Rússia passa também por sanções económicas, como os Estados Unidos fizeram recentemente afastando vários oligarcas e empresários próximos do Presidente russo, Vladimir Putin.

“O que foi feito, impondo sanções a alguns homens de negócios russos teve um grande impacto na economia russa e é capaz de ser mais eficaz do que qualquer outra coisa”, sugeriu.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR