A morte de um jornalista russo que nos últimos tempos publicou algumas reportagens sobre mercenários russos na Síria está envolta em mistério. Maxim Borodin, 32 anos, foi encontrado no chão, a 12 de abril, junto ao edifício onde vivia, em Yekaterinburg, depois de ter caído do quinto andar. Estava gravemente ferido e foi levado para o hospital. Acabou por morrer.
Segundo a BBC, as autoridades dizem que tudo indica não haver mão criminosa no caso. No entanto, avançam, Borodin não deixou qualquer nota de despedida — como acontece nalguns casos de suicídio, pelo que pode também ter sido uma morte acidental.
Russian investigative journalist Maxim Borodin dies from injuries suffered in an April 13 fall from his balcony, 2 days after armed security men in camouflage and masks appeared on his balcony at 5 am in a "training exercise" https://t.co/p9ALsTxFh2
— Julie Laumann #FBPE ???? (@Otpor17) 16 de abril de 2018
As declarações de um amigo do jornalista, porém, indiciam outro cenário. É que, no dia anterior à sua morte, Vyacheslav Bashkov garante ter recebido uma chamada telefónica do amigo à procura de um advogado. Dava-lhe conta de que havia “alguém com uma arma na varanda da sua casa e algumas pessoas vestidas com camuflados e máscaras nas escadas de serviço”, descreveu. E que deviam estar à espera para obter um mandado de busca à sua casa. Eram 5h00 do dia 11 de abril. Mais tarde voltou a ligar a dizer que, afinal, tratava-se de um exercício policial. Também o chefe de Borodin, que trabalhava no jornal russo Novy Den, não acredita que ele tenha sido vítima de um acidente ou que tenha posto termo à vida.
As autoridades dizem, por seu turno, que a porta de casa do jornalista estava trancada por dentro, indicando que ninguém terá entrado ou saído do local.
Nas últimas semanas o jornalista escreveu sobre a unidade militar “Wagner Group”, que conta com mercenários russos que vão combater para a Síria ao lado das forças locais e na qual já existiram várias baixas. Na semana passada, um responsável da CIA informou que duas centenas de mercenários russos tinham perdido a vida num ataque com combatentes pró Síria. Borodin andava a investigar quem eram e de onde vinham estes homens.