Os pilotos profissionais estão habituados a não ter segredos. Até os podem manter em relação às esposas ou ao resto da família, mas nunca no que diz respeito aos mecânicos ou aos engenheiros responsáveis pelo seu carro. Tudo porque a telemetria a que as equipas recorrem informa as boxes do que está a acontecer em pista – se começou a travar mais cedo, ou acelerar mais tarde, sendo esse o motivo de ter piorado o tempo por volta e não uma súbita perda de potência.

Se esta é realidade no dia-a-dia dos pilotos, existem algumas semelhanças com o que acontece com os condutores do Bugatti Chiron, uma vez que o construtor francês também recorre à telemetria para manter um controlo total sobre os seus carros. É mesmo a primeira a recorrer a esta tecnologia, como forma de antecipar alguma avaria ou desgaste que possa comprometer a segurança do veículo que custa 2,4 milhões de euros, mais impostos, além de quem vai a bordo.

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Contando que o veículo circule em zonas em que exista cobertura GSM, ou seja praticamente em todo o lado, o Chiron – e antes dele o Veyron, uma vez que a marca anunciou agora que utiliza o sistema há 14 anos – está sempre a ser acompanhado à distância, 24 horas por dia e sete dias por semana.

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Estão constantemente a ser analisadas cerca de 10.000 informações de várias partes do veículo de 1.500 cv, do motor com 16 cilindros e quatro turbocompressores, à caixa de velocidades de dupla embraiagem e sete velocidades, passando pela ventilação e pelo sistema de infoentretenimento. Um dos mais importantes, pelo menos no que toca a evitar acidentes, é a monitorização à distância da pressão dos pneus, com a Bugatti a informar depois o cliente se deve parar imediatamente pois há um pneu a perder ar, ou se a pressão está apenas abaixo do recomendável, pelo que deve intervir à primeira oportunidade.

Este sistema, que pode ser desligado a pedido do cliente, é possível devido a um emissor de dados instalado a bordo, numa pequena caixa de alumínio, em permanente contacto com Molsheim, a sede do fabricante em França, onde estão sempre de serviço três técnicos a acompanhar o estado de toda a frota de veículos. Como a maior parte dos Veyron e Chiron passam a vida parados, o trabalho não deve ser extenuante, mas sempre há um profissional concentrado nos Bugatti americanos, outro nos que circulam na Europa e Rússia, com o terceiro a concentrar-se nos asiáticos e do Médio-Oriente.

E esta telemetria funciona nos dois sentidos, com a marca a poder realizar pequenas actualizações de software e enviá-las over-the-air para o carro do cliente. Caso os três técnicos na fábrica concluam que não o podem ajudar a resolver o problema à distância, o cliente terá que visitar um dos 34 concessionários e centros de assistência espalhados pelo mundo, lamentavelmente nenhum deles em Portugal.

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