De um total de 48 agências em França, a representante sindical indicou à Lusa que há 15 agências fechadas e “16 impactadas, ou seja, com pessoal em greve, mas não todos”. “A taxa de grevistas é de 62,8% em relação ao pessoal presente na empresa, tendo em conta que há muita gente de férias porque estamos no período de férias escolares. É uma ótima mobilização até porque temos outros dois sindicatos minoritários a desmobilizar”, considerou Cristina Semblano.

Fonte oficial do banco disse à Lusa que esta manhã estavam encerradas 14 agências e que continuam “em diálogo” com os trabalhadores. “Em França temos 34 agências abertas, de 48, continuamos em diálogo com os trabalhadores e temos à disposição dos clientes que não tenham a agência aberta as plataformas digitais, computadores e aplicação de telemóvel CGD Online”, disse a fonte oficial do banco público à agência Lusa.

Em Paris, Cristina Semblano disse que “há um clima de muita efervescência” e que, na sede da CGD está a decorrer uma assembleia de trabalhadores, onde já se ouviu a Grândola Vila Morena. “As pessoas estão decididas e não é com chamariz de prémios que o movimento vai cessar. As pessoas estão realmente preocupadas com a manutenção dos postos de trabalho e com a questão da venda da sucursal em França”, continuou.

Os sindicatos Force Ouvrière e CFTC querem respostas sobre o futuro da CGD em França, onde há mais de 500 trabalhadores. “Até agora têm-nos mentido e precisamos de saber. A sucursal está prevista para venda, queremos saber o que se vai passar em relação aos trabalhadores e em relação à imensa comunidade portuguesa que vive em França”, afirmou Cristina Semblano.

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A porta-voz sindical sublinhou, também, que há reivindicações salariais, nomeadamente no que toca a “atrasos nos aumentos salariais por mérito e carreiras desde 2016”, e “disfuncionamentos da sucursal com impactos na saúde física e mental dos trabalhadores”.

“É também necessário que algo seja feito em relação às condições de trabalho. Temos aqui condições de trabalho absolutamente execráveis. As pessoas já não aguentam mais. Temos imensas baixas, muito pessoal com ‘burnout’ [distúrbio psíquico de caráter depressivo], pessoas que se queixam de assédio. Nós não podemos continuar com estas condições de trabalho”, acrescentou. Esta tarde, a assembleia de trabalhadores, em Paris, vai votar se a greve continua.

Na passada quinta-feira, foi votada uma “greve ilimitada” a partir desta terça-feira, um movimento apoiado pelos sindicatos Force Ouvrière e CFTC, mas que não foi seguido pelos sindicatos CGT e CFDT que aguardam o resultado de negociações com a administração da Caixa Geral de Depósitos e uma reunião na sexta-feira com o membro do conselho de administração da CGD, José João Guilherme.

O presidente executivo da CGD, Paulo Macedo, disse em março, no parlamento, que a administração irá “lutar” para manter a operação do banco público em França, considerando que isso é “do interesse da Caixa, em resposta ao Bloco de Esquerda. A intenção de a CGD sair de França foi noticiada em maio do ano passado.

Fonte oficial do banco público disse, então, apenas que naquele momento não estava “em curso, em França, um processo de redimensionamento de balcões ou um processo de venda da operação”. A redução da operação da CGD, incluindo fora de Portugal, foi acordada com a Comissão Europeia como contrapartida da recapitalização do banco público feita em 2017.

A CGD regressou aos lucros em 2017, com 51,9 milhões de euros, depois de vários anos de prejuízos. A sucursal de França contribuiu, em 2017, com 49,6 milhões de euros para o resultado líquido corrente da CGD. Em 2017, a CGD encerrou as sucursais de Londres, ilhas Caimão, Macau Offshore e Zhuhai (na China), segundo informação do banco.

Além de em França, o banco público tem, no exterior, o BNU Macau. O banco tem ainda operações na África do Sul (banco Mercantile), Brasil (Banco Caixa Geral – Brasil) e Espanha (banco Caixa Geral), que estão em vias de alienação. As prioridades do banco para já são as vendas das operações no Brasil e em Espanha.