A mulher de Américo Sebastião, raptado e desaparecido desde junho de 2016 em Moçambique, pediu esta quarta-feira aos deputados portugueses “que se empenhem” na procura de ações que permitam localizar e restituir o empresário a Portugal. Salomé Sebastião foi esta quarta-feira ouvida pela comissão parlamentar de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas no âmbito de uma petição entregue na Assembleia da República, com mais de 4.600 assinaturas.

“Com a petição, eu peço o empenho dos senhores deputados, conhecedores da política e do direito internacional, que contribuam com ideias, sugestões e ações que levem àquele que é o objetivo: a localização do Américo em território moçambicano e a sua restituição a Portugal e à sua família”, afirmou, no final da audiência, a mulher do empresário português e primeira peticionária. Em concreto, o abaixo-assinado pede à Assembleia da República que manifeste “preocupação perante a sua congénere e o Governo de Moçambique no sentido de que respondam de forma célere e cabal à petição que está para sua consideração desde maio de 2017”.

Por outro lado, os peticionários solicitam aos deputados portugueses que suscitem o caso do desaparecimento de Américo Sebastião em “fóruns internacionais” em que os parlamentares de Portugal e de Moçambique tenham assento, como a Assembleia Parlamentar da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa e a União Interparlamentar, bem como junto do Parlamento Europeu. Na semana passada, durante uma visita a Moçambique do secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, a vice-ministra dos Negócios Estrangeiros moçambicana, Manuela Lucas, transmitiu ao governante português “garantias de cooperação política de Moçambique para resolver o caso”.

Questionada esta quarta-feira se esta mensagem do executivo moçambicano a tranquilizava, Salomé Sebastião respondeu: “O que me descansou mais foi a senhora vice-ministra dos Negócios Estrangeiros ter dito que estavam no terreno a fazer as suas averiguações e que é uma preocupação para Moçambique”. “Acredito que brevemente vão localizar o Américo”, disse.

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A petição apela ainda ao Governo para que continue a “insistir junto das autoridades moçambicanas com vista a obter o completo esclarecimento do caso, se necessário (…), com colaboração da Polícia Judiciária portuguesa ou instituições policiais internacionais como a Europol ou a Interpol”. A petição vai ser discutida em plenário pela Assembleia da República.

Carneiro prometeu, na semana passada em Moçambique, a um dos filhos do empresário, “empenho de todo o Governo” no acompanhamento do caso. Américo Sebastião foi raptado a 29 de junho de 2016 em Nhamapadza, distrito de Maríngué, província de Sofala, centro de Moçambique.

O empresário agrícola e madeireiro foi raptado por desconhecidos que o levaram numa viatura, quando se encontrava numa estação de serviço, numa altura em que a zona era palco de confrontos entre as Forças de Defesa e Segurança e o braço armado da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo).