A quase totalidade dos inquiridos num estudo afirma saber o que é o colesterol, mas mais de metade desconhece o valor que tem, uma situação mais frequente entre os jovens e que vai diminuindo com a idade.

Promovido pela Fundação Portuguesa de Cardiologia (FPC), o inquérito “Os portugueses e o colesterol”, que é apresentado esta quarta-feira, em Lisboa, na sessão solene de abertura da campanha “Maio, mês do coração”, decorreu em março e envolveu uma amostra de mil participantes.

Mais de metade (58%) dos inquiridos assumiu não saber qual o seu valor de colesterol, um desconhecimento que é muito expressivo nos jovens. A grande maioria (90%) dos jovens, com idades entre os 15 e os 24 anos, disse desconhecer o seu nível de colesterol, valor que desce para os 73% nos inquiridos com idades entre os 25 e os 34 anos e para os 63% nos participantes com idades entre os 35 e os 44 anos.

Com o avanço da idade vai diminuindo o desconhecimento das pessoas sobre o seu valor de colesterol: 48% (45-64 anos), 34% (55-64 anos) e 48% (65 e mais anos), indica o estudo.

Em declarações à agência Lusa, o coordenador da campanha e assessor médico da FPC, Luís Negrão, considerou preocupante o facto de mais de metade da população não saber o seu nível de colesterol. “Isto preocupa-nos um bocado” porque ao desconhecer que têm colesterol não tomam medidas preventivas, mas o “mais preocupante” é os níveis de desconhecimento nos jovens, disse Luís Negrão.

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O médico destacou como positivo 98% dos inquiridos saberem o que é o colesterol, 97% conhecerem que é uma gordura que circula no corpo e 70% saberem que um valor normal é inferior a 190 mg/dl. A grande maioria (95%) apontou a gordura animal como o tipo de gordura que facilita o aumento do colesterol no sangue.

As pessoas estão informadas, sabem o que é o colesterol, sabem qual é o valor normal e sabem as consequências que podem vir a ter se o tiverem elevado, como um AVC, ataque cardíaco e doenças cardiovasculares”, disse Luís Negrão, considerando que esta informação “resulta um pouco do trabalho que a fundação tem vindo a fazer ao longo dos anos”.

Quase metade dos inquiridos (47%) é da opinião de que alguns suplementos alimentares fazem melhor ao colesterol do que as estatinas que os médicos receitam. A quase totalidade rejeita a ideia de que “a prática regular do exercício físico não traz vantagens para quem tem o colesterol elevado” ou que “os magros não têm que se preocupar com o colesterol”.

Para Luís Negrão estes dados indicam que “as pessoas têm algum conhecimento, mas era preciso mudarem a opinião que têm relativamente ao problema do colesterol e problema das doenças cardiovasculares”. Apelou ainda aos portugueses para vigiarem o colesterol e “falarem sempre com o médico de família ou o médico assistente para ambos tentarem resolver o problema de colesterol elevado”.

Isto porque “há pessoas que largam as estatinas e substituem-nas por suplementos alimentares por acreditarem que fazem melhor ao colesterol”, explicou o médico. A campanha da Fundação Portuguesa de Cardiologia “Maio, mês do Coração” é dedicada este ano ao colesterol.