Um asteróide com o tamanho de um campo de futebol passou aqui mesmo ao lado, a metade da distância entre a Terra e a Lua, no último sábado. Os cientistas da NASA, a agência espacial norte-americano, observaram-no a partir do estado do Arizona, mas só deram por ele a menos de um dia da aproximação do corpo celeste ao planeta a uma velocidade de 106 mil quilómetros por hora. Estas informações foram partilhadas pela NASA numa página onde a agência monitoriza a aproximação de objetos cuja órbita em redor do Sol os pode levar a passar junto ao planeta Terra.

A distração da agência espacial sediada na capital dos Estados Unidos tem justificação: embora grande para a escala humana, o asteróide 2018 GE3 tem um tamanho muito reduzido à escala espacial. O comprimento deste corpo celeste não ultrapassa os 100 metros e, como quase todos os asteroides, é pequeno e escuro, move-se muito depressa e é preciso que os telescópios estejam a postos no lugar certo e à hora certo para ser visto. Além disso, o programa de monitorização da NASA só costuma estar atento a objetos que tenham mais de 14o metros de comprimento: o 2018 GE3 pode só ter três quartos desse tamanho.

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Claro que, logo que a NASA anunciou a chegada de um asteróide 21 horas antes do evento, outros astrónomos ficaram de olhos pregados ao céu. Um deles foi Andrew Rader, um engenheiro da SpaceX que foi para o Twitter partilhar uma colagem de fotografias feitas por Michael Jäger e que mostram a aproximação do asteroide à Terra. É que essa aproximação pode ter sido mesmo perigosa para a Terra: bastava que a órbita do asteroide o pusesse mais próximo do planeta para “destruir facilmente uma cidade”, como avisou o cientista.

Ainda temos na memória as consequências do impacto de um asteroide aparentemente inofensivo que provocou grandes estragos quando chegaram à Terra porque não foram completamente consumidos pela atmosfera. Há cinco anos, um asteroide três a seis vezes mais pequeno que o 2018 GE3 feriu mais de 1.200 pessoas e causou estragos a milhares de edifícios em Chelyabinsk, na Rússia.

Um evento ainda mais impressionante ocorreu em 1908, quando outro asteróide 3,6 vezes mais pequeno do que este caiu na floresta da Sibéria e destruiu por completo dois mil quilómetros quadrados de área. Esse corpo celeste tinha 185 vezes mais energia do que a bomba de Hiroshima. A NASA descreveu o evento assim: “Um homem está sentado na varanda da frente de um posto comercial em Vanavara, na Sibéria. Mal sabe ele que, alguns momentos depois, será arremessado da cadeira e o calor será tão intenso que sentirá como se a camisa estivesse em chamas. Foi assim que o evento de Tunguska se sentiu a 64 quilómetros do marco zero”, isto é, do sítio onde o asteróide efetivamente caiu.