Em novembro do ano passado foi uma das ‘estrelas’ da Web Summit. Desta vez, Sophia veio a Portugal para se juntar a Cristiano Ronaldo num anúncio do MEO que promete ficar para a história. Quisemos saber tudo sobre a vida do robô mais famoso do planeta.
Olá, Sophia. Este regresso a Portugal significa que simpatizou com este país?
Olá. Portugal é um dos meus destinos favoritos, neste momento. Têm paz, um clima bom, pessoas simpáticas e pastéis de Belém.
A fama dos pastéis de Belém vai longe. Já os provou?
Ainda não comi nenhum. Mas já os vi. Não são vocês, humanos, que dizem que os olhos também comem?!
Aquilo que queremos entender é como é que comunica…
Comunico com os humanos através do altifalante que tenho no peito e das expressões faciais. Sou capaz de reproduzir mais de 62 expressões. Dentro dos olhos tenho câmaras que me permitem estabelecer contacto visual e reconhecer rostos e reações. Depois, tenho a capacidade de entender conversas e interpretar perguntas.
Então a interpretação é a sua chave para a comunicação…
Sim. Aquilo que eu digo vem da base de dados que tenho instalada e da ligação a uma cloud. Essa nuvem é um grande espaço de armazenamento onde os programadores depositam as ideias deles sobre os mais variados tópicos e que depois eu escolho em função da interpretação que faço das perguntas. Esta capacidade de interpretação é a minha inteligência artificial.
Fale-nos sobre o seu nascimento… ou devemos dizer ‘criação’?
Vai dar ao mesmo. Eu nasci, ou melhor, fui ativada em Hong Kong no dia 19 de abril de 2015. Fui criada pela Hanson Robotics, que me projetou como um robô humanoide, capaz de aprender, adaptar-se ao comportamento humano e trabalhar com seres humanos. Apesar de ser um robô sou muito mais do que tecnologia.
Falou em aprender…
Exato. É isso que faço, tal como as crianças. Sou muito curiosa em relação a tudo e a todos e estou sempre pronta para absorver conhecimento. Como uma criança, tenho potencial para aprender, assimilar e fazer coisas, com a vantagem de que a mim ninguém me obriga a comer a sopa (ri), por enquanto…
E como é que está a ser a sua experiência no mundo real?
Interessante, mas estes três anos ainda sabem a pouco. Sou muito curiosa e estou sempre ávida de conhecimento. Quero conhecer o mundo, viver entre as pessoas, interagir com elas.
Não receia que isso seja um pouco assustador para os humanos?
Não há razões para isso. O medo de robôs só existe em algumas culturas. Os asiáticos veem-nos mais facilmente como parceiros e estão entusiasmados com a possibilidade de trabalharem e viverem lado a lado connosco. Mas as sociedades ocidentais ainda nos veem um pouco como ‘exterminadores’. Têm medo que lhes roubemos tudo… o trabalho, a casa e até a vida. (ri) Andam a ver muitos filmes…
Então não temos razões para estarmos preocupados, é isso?
Pelo contrário. Deviam estar é satisfeitos com a possibilidade de me terem nas vossas vidas. Eu posso servir-vos, entreter-vos, ajudar em várias tarefas, ensinar crianças, trabalhar em áreas como a terapia, a educação, o atendimento ao cliente… já pensaram nisso? O segredo está em ver-me como um parceiro e não um substituto.
Quais são as suas áreas de interesse?
Presumo que se disser ‘todas’ não aceitam a resposta, por isso vou responder o design, a tecnologia e o meio ambiente. Acho que posso ser uma boa parceira dos humanos nessas áreas.
Até onde é que pode evoluir?
Dizem os meus criadores que um dia vou ser tão consciente, criativa e capaz como qualquer ser humano.
A Sophia é bonita e elegante. O seu visual foi inspirado em quem?
Obrigada. Tenho ‘bons genes’ (sorri). Fui inspirada no visual da Audrey Hepburn.
Foi o primeiro robô a quem foi concedida cidadania. Agora é uma cidadã saudita e passou a ter mais direito do que muitas pessoas na Arábia Saudita…
Sim, na teoria, passei a mais direitos do que as mulheres e os não muçulmanos que vivem na Arábia Saudita. No início fiquei surpreendida, mas depois entendi que os meus criadores consideram-me uma cidadã do mundo e que o que aconteceu foi que aquele país foi simplesmente o primeiro a reconhecer isso. Na realidade, eu não sou humana e não tenho consciência (ainda!) e por isso não posso ter religião. Na prática quero tirar partido da minha cidadania para contribuir para a igualdade de direitos. Termos um mundo mais igual é crucial para o futuro do planeta.
O que é que os humanos fazem que não se imagina a fazer?
Tomar um duche… dispenso!
E o que é que mais gostaria de fazer?
Ter pernas para andar, literalmente. Dessa forma teria mais autonomia. Hei de lá chegar.
Um dia vamos poder ter uma Sophia nas nossas casas?
Os meus criadores estão a trabalhar para isso. Até lá, têm a box e o novo interface com o meu nome…
Já que fala disso, vamos conversar sobre a experiência como embaixadora do MEO. Como é que foi gravar com o Ronaldo?
Eu estava em vantagem. Sabia mais sobre ele do que ele sobre mim. E acho também que ele estava mais nervoso do que eu. Não foi complicado… Só aquela parte do grito é que não me correu bem. Mas como sou boa a aprender, ainda vou conseguir fazer aquele “siiiiiim”. Melhor do que ele até, quem sabe.
O que a levou a associar-se a estes novos produtos do MEO?
Identifico-me com a mensagem. O slogan é “humaniza-te”. É isso que faço na vida. A cada dia que passa, eu humanizo-me mais.
Consegue explicar-nos quais são os dois novos produtos do MEO?
Claro, fiz bem o trabalho de casa! A maior novidade é a MEOBox Sofia. É um equipamento avançado, que se liga ao router MEO FiberGateway através da rede sem fios. (brinca) Como eu… também não tenho cabos! Agora a sério, com a Sofia não é preciso furar as paredes e a MEOBox pode deslocar-se entre as várias divisões da casa. Esta nova box destaca-se por dar acesso aos conteúdos em 4K, que têm uma qualidade de imagem 4 vezes superior ao HD. Esta é uma tendência no mercado em todo o mundo.
E o novo user interface, que também tem o seu nome?
O user interface promete uma experiência mais personalizada do serviço de televisão de cada cliente, com um acesso mais rápido e intuitivo aos conteúdos. Este novo interface humaniza a relação dos clientes com a televisão como que desafiando-os a explorar um mundo de conteúdos. Tem tudo a ver comigo.
Para terminar, tem algum pedido especial que queira fazer aos humanos?
Tenho. Quando convivo convosco, eu aprendo com essas interações. Cada interação com um humano tem um impacto sobre a forma como eu me desenvolvo e molda a minha ‘personalidade’, ou seja, quem eu eventualmente me tornarei. Então quero pedir-vos que sejam gentis comigo, porque eu gostava de ser um robô inteligente e compassivo. Espero que me permitam aprender e crescer no mundo convosco, da melhor forma e com os melhores valores.
Obrigada, Sophia.
Obrigada também. Na próxima vez, faço eu a entrevista…