Tammie Jo Shults. É este o nome da mulher que pilotava o avião da Southwest Airlines que teve de aterrar de emergência depois de um dos motores ter explodido durante o voo. Uma mulher acabou por morrer já no hospital — depois de ser sugada pela janela –, mas a piloto conseguiu levar os passageiros a terra firme. Depois do susto, e já em terra, as mensagens de agradecimento e de elogios não faltaram. Jo Shults é a heroína de “nervos de aço” do voo 1380 que partiu de Nova Iorque com destino a Dallas.

Uma heroína que transmitiu com calma, aos controladores de tráfego aéreo, todos os pormenores sobre o momento aflitivo que se vivia em pleno voo. É assim que é vista Tammie Jo Shults, que explicou com tranquilidade o que estava a acontecer:

“Temos uma parte do avião em falta”, disse pelo intercomunicador, perguntando depois se durante a atarregem de emergência poderiam enviar médicos pois havia passageiros feridos.

“Passageiros feridos, ok. E o avião está a arder?”, ouviu-se do outro lado.

“Não, não está a arder. Mas há uma parte em falta. Eles dizem que há um buraco e que alguém foi sugado”, retorquiu.

Foi depois da pequena conversa que o avião desceu de uma altitude de 313,684 pés para 10 mil pés em pouco mais de cinco minutos — o avião desceu abruptamente, mas a piloto “manteve o controlo” e avisou os passageiros de que o avião ia aterrar em Filadélfia.

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Profissionalismo e habiliadades técnicas, calma e tranquilidade. Na verdade, esta descrição mostra o estofo de alguém que serviu a Marinha dos Estados Unidos durante entre 1985 e 1993. Hoje, aquela que se tornou uma das primeiras piloto militar mulher nos EUA, tem 56 anos e é vista como uma profissional de excelência. Quando entrou para a Marinha foi excluída das missões de combate por ser mulher, mas esteve a bordo dos voos de treino da “Operação Tempestade no Deserto”. Linda Maloney, aviadora veterana de combate, diz que tanto ela como Jo Shults faziam parte de um pequeno grupo de mulheres que lutavam contra a regra que excluía as mulheres do combate.

Nós passámos pelo mesmo treino que os homens e a nossa esperança era de que a Marinha nos permitisse voar em algum combate”, contou Maloney, que se tornou uma das primeiras mulheres a participar num esquadrão militar de combate enviado para o Golfo Pérsico.

Russo Thompson, que conhece Jo Shults há cerca de 20 anos diz que “ela aprendeu muito sobre como superar as coisas, sendo mulher num campo dominado por homens”. Antes da sua carreira militar, Jo Shults formou-se em Biologia e Agronegócios, em 1983, pela Universidade MidAmerica Nazarene, em Olathe, Kansas. De acordo com o Chicago Tribune, o seu marido é também piloto na Southwest Airlines e têm dois filhos.

“Nervos de aço”, aplausos e abraços

Quando o voo aterrou, a piloto atravessou o corredor e conversou com os passageiros para se certificar de que se encontravam bem, escreve a CNN. “Ela tem nervos de aço. Eu aplaudo aquela senhora. Vou enviar-lhe um cartão de Natal e dizer-lhe que foi um presente ter-me colocado no chão. Ela foi incrível”, contou o passageiro Alfred Tumlinson.

Outro passageiro, Marty Martinez, disse que foi uma aterragem difícil, que “foi tudo incrivelmente traumático e, finalmente, quando aterrámos, claro, toda a gente estava a chorar e estávamos apenas agradecidos por estarmos vivos”. De acordo com a passageira Kathy Farnan “os membros da equipa sabiam o que estavam a fazer e deixaram toda a gente calma”. “A piloto era uma veterana da Marinha. Ela era muito boa”, afirmou. Depois do momento intenso, Jo Shults saiu da cabine e abraçou toda a gente, dizendo que todos tinham feito um bom trabalho.

“Estes são os heróis do voo da SWA 1380 Nova Iorque para Dallas”, escreveu um passageiro na sua conta de Twitter, agradecendo a toda a equipa pelo trabalho feito.

Também a passageira Diana McBride escreveu no Facebook uma mensagem de agradecimento. “Um grande obrigada e ela pelo seu conhecimento, orientação e bravura numa situação traumática. Deus a abençoe e a toda a equipa”, pode ler-se.

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Durante o voo que transportava 143 passageiros e 5 membros da tripulação do aeroporto La Guardia (em Nova Iorque) para Dallas, o motor esquerdo do avião explodiu e os destroços atingiram uma janela, acabando por quebrá-la. Uma mulher acabou por ser sugada para o exterior do avião, mas os restantes passageiros puxaram-na de volta para dentro do avião. A mulher, Jennifer Riordan, não resistiu e acabou por falecer no hospital, em Filadélfia, de acordo com as autoridades.