A agência canadiana DBRS, que foi decisiva para Portugal quando as três principais agências ainda tinham a notação de risco em “lixo”, decidiu melhorar o rating da dívida portuguesa para o segundo nível de “investimento de qualidade”: BBB. A perspetiva para este rating é “estável”, o que significa que não são prováveis alterações no curto prazo.
A passagem de BBB- para BBB “reflete a avaliação da DBRS de que a sustentabilidade da dívida portuguesa melhorou”, afirma a agência em comunicado divulgado esta sexta-feira. “A melhoria nas finanças públicas de Portugal tornou-se mais resistente, o que está a contribuir para a trajetória decrescente que está a surgir no rácio de dívida pública”, que desceu de 130% para 125,7% no final de 2017 “e deve continuar a baixar”.
A DBRS considera que “a disciplina orçamental manteve-se, ao passo que as taxas de juro continuaram a cair” — e, por outro lado, “a economia continua a crescer a um ritmo sólido”. Finalmente, também contribuiu para a decisão o facto de o crédito malparado nos bancos estar a cair, assinala a DBRS.
O rating da DBRS era decisivo porque dava acesso às linhas de liquidez do BCE (para a banca) e ao programa de compras de dívida lançado em 2015. Com os ratings da S&P e da Fitch também já acima de “lixo”, a importância da DBRS reduz-se — até porque não há índices de obrigações relevantes que tenham em conta a notação desta agência.
Mas a DBRS volta, assim, a ser a agência (entre as quatro reconhecidas pelo BCE) com a classificação mais otimista para a dívida portuguesa, depois de nunca ter duvidado, mesmo no pico da crise, que o país iria fazer o suficiente para se manter enquadrado com as regras europeias e que, por isso, não seria muito provável que a dívida fosse reestruturada ao ponto de envolver perdas para os investidores privados.