O PSD leva esta sexta-feira a debate parlamentar a reprogramação do atual quadro comunitário, desafiando os partidos a pronunciarem-se sobre a proposta inicial do Governo que considera “não servir o país”. “O Governo desencadeou uma reprogramação dos fundos comunitários do Portugal 2020. O PSD entendeu que devia promover um debate na Assembleia da República porque aquilo que foi tornado público é que a proposta do Governo é insatisfatória”, justificou o vice-presidente da bancada social-democrata Emídio Guerreiro, em declarações aos jornalistas no parlamento.

De acordo com o deputado social-democrata, vários presidentes de câmara, a Associação Nacional de Municípios, o conselho das regiões e as comissões de coordenação regionais “emitiram publicamente pareceres negativos”. “O que o Governo propõe é o desvio de verbas que estão alocadas a regiões mais desfavorecidas, de convergência, migrando verbas para as regiões mais desenvolvidas”, acusou, considerando que tal seria “um atentado ao que é a matriz do financiamento comunitário”, reduzir as assimetrias do país.

Emídio Guerreiro salientou que se trata, por enquanto, de uma intenção do Governo e que “o processo não está ainda concluído”. “É importante que saibamos durante este debate o que pensam os partidos sobre isto e percebermos se estão ou não a favor deste processo de reprogramação”, defendeu.

O vice-presidente da bancada social-democrata disse ter “uma expectativa muito positiva” quando à votação da recomendação do PSD, uma vez que a proposta inicial do Governo foi rejeitada por vários intervenientes “independentemente da sua cor política”. “A proposta inicial não serve os interesses do país”, reforçou.

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No projeto de resolução que será debatido no agendamento potestativo (direito de um partido fixar a ordem do dia), o PSD refere que “no passado, a execução dos fundos europeus em Portugal privilegiou uma estratégia de gastar muito em lugar de uma estratégia de gastar bem”. “O atual Governo tem dado sinais preocupantes de regresso a práticas anteriores em matéria de gestão e critérios de atribuição dos fundos. Importa assegurar que não se repita o erro de gastar mal e que, designadamente, as dotações dos Programas Operacionais das regiões menos desenvolvidas (regiões de convergência) não sejam desviadas para o cofinanciamento de projetos sedeados em outras regiões, designadamente as desenvolvidas”, apela.

No projeto de resolução, o PSD recomenda ao Governo que garanta que tal transferência de verbas não se verificará e que as dotações dos Programas Operacionais Regionais que sejam objeto de reprogramação sejam utilizadas para reforçar medidas constantes dos mesmos e que se mantenham os critérios de repartição nacional já estabelecidos.

Questionado se este debate não é contraditório com o acordo assinado entre PSD e Governo, na quarta-feira, sobre o futuro quadro comunitário, Emídio Guerreiro salientou que “são coisas distintas”. “Estamos a falar da reprogramação do Portugal 2020 e não do lançamento de um desafio nacional do Portugal 2030. Aí é importante que o país apresente uma posição de força junto dos decisores europeus”, salientou.