A organização do Semibreve começou esta sexta-feira a desvendar a oitava edição do festival bracarense, cuja programação privilegia a música eletrónica de vanguarda.  Tal como em anos anteriores, o festival volta a acontecer no último fim de semana de outubro (este ano, de 26 a 28).

Entre os primeiros artistas confirmados, estão a italiana (vive em Berlim) Caterina Barbieri, o duo composto pelos norte-americanos Keith Fullerton Whitman e Pierce Warnecke, a dinamarquesa SØS Gunver Ryberg e três criadores que prometem ser fortes chamarizes para os amantes de música eletrónica alternativa: os portugueses Telectu — isto é, Vítor Rua e António Duarte, que se voltaram a juntar para interpretar o álbum de culto Belzebu (editado em 1983) no Semibreve e no Teatro Maria Matos, em Lisboa –, o grande compositor nova-iorquino de música experimental e ambiental William Basinski e Jlin.

A compositora e DJ nascida em Gary, Indiana (perto de Chicago), cujo nome de batismo é Jerrilynn Patton mas que é conhecida na música pelo diminutivo Jlin, regressa a Portugal depois de uma passagem pelo clube lisboeta Musicbox em 2016, em que atuou por convite da editora portuguesa Príncipe Discos, que então celebrava uma década de existência.

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Inicialmente inserida na linhagem sonora do footwork (género musical derivado — mas autónomo — da música house norte-americana, muito inspirado pelo método do sampling, pela herança musical afro e pela intensidade e multiplicidade de batidas), Jlin foi expandindo os limites da sua música até compor aquela que pode ser considerada a sua obra-prima: Black Origami, lançada há praticamente um ano.

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O álbum, o segundo editado por Jlin — a que somam dois EP’s –, tem convidados como Fawkes, Holly Herndon e William Basinski (que também atuará no Semibreve). Muito bem recebido por público e crítica especializada, Black Origami recebeu múltiplos elogios da Pitchfork (a que Jlin deu uma extensa entrevista), da Resident Advisor (“No mundo da música eletrónica rítmica” — ou vitaminada — “ninguém está a fazer as coisas como ela as está a fazer”, escrevia-se na recensão ao disco), da The Quietus (chamaram-lhe “uma espantosa orgia polirítmica global”) ou da revista Rolling Stone, que o considerou o melhor álbum de música eletrónica editado em 2017.

Nas últimas edições, passaram pelo Semibreve produtores musicais e compositores como Andy Stott, Laurel Halo, Visible Cloaks,  Tim Hecker, Ben Frost, Jon Hopkins e a portuguesa Nídia, então ainda conhecida como Nídia Minaj, cujo primeiro disco (editado já com o primeiro nome, apenas), Nídia é Má, Nídia é Fudida, foi o sexto melhor do ano na área da música eletrónica, para a mesma revista americana (Rolling Stone).