A coordenadora do BE disse este sábado não lhe passar “pela cabeça que o PS queira discutir uma Lei de Bases para a Saúde” que mantenha o financiamento dos privados pelo Estado, defendendo um caminho oposto ao do PSD.

À margem de uma sessão pública do BE sobre direitos dos animais, a líder bloquista, Catarina Martins, foi questionada pela agência Lusa sobre a manchete de hoje do jornal Público, segundo a qual o presidente do PSD, Rui Rio, pediu a elaboração de um documento estratégico sobre o Serviço Nacional de Saúde (SNS), que permitirá ao Governo reformar esta área sem o BE.

“O PSD foi sempre contra a existência do SNS, chumbou a lei quando ela foi criada. Depois foi uma tal conquista da democracia que nenhum partido hoje é capaz de dizer que é contra o SNS, mas nós lembramos que foi num Governo de PSD, com Cavaco Silva nos anos 90, que foi criada a atual Lei de Bases da Saúde que obriga o Estado a financiar o setor privado da saúde”, recordou.

Catarina Martins foi perentória ao afirmar que é preciso “um caminho muito diferente daquele que é o caminho do PSD”, sendo urgente “reforçar e modernizar o SNS, parando com o absurdo do Estado estar a financiar os privados da saúde”.

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“Não nos passa pela cabeça que o PS queira discutir uma lei de bases para a saúde para continuar a mandar recursos públicos para o setor privado, quando aquela que é a análise que tem sido feita é que, pelo contrário, é preciso proteger o SNS e parar com essa sangria de recursos”, avisou.

O PS, de acordo com a líder do BE, “terá de fazer as suas escolhas”.

Catarina Martins lembrou que “a única proposta que está em cima da mesa, concreta, para uma lei de bases da saúde é aquela que foi feita por João Semedo e António Arnaut e que o Bloco transformou em anteprojeto de lei”, estando convicta que esta será “debatida com certeza ainda nesta sessão legislativa”.

“A proposta do BE é uma proposta que foi feita por António Arnaut, fundador do SNS e presidente honorário do PS, e João Semedo, que foi coordenador do BE e tem uma enorme experiência nesta área da saúde”, sublinhou.

A líder bloquista admitiu que está “com expectativa para saber o que dirá o grupo de trabalho” do PS.

“Seguramente o Bloco de Esquerda não perderá nenhuma oportunidade de diálogo para reforçar o SNS e para travar a sangria de recursos públicos para o setor privado da saúde. É esse o nosso caminho e esse faremos com todas as pessoas que o quiserem fazer também”, garantiu.

Os privados da saúde, continuou a bloquista, “se quiserem fazer o seu negócio, farão, mas não com o dinheiro público” porque “o dinheiro público é para o SNS”.

A apresentação do anteprojeto para uma nova Lei de Bases da Saúde do BE foi feita precisamente há uma semana, dia 14 de abril, sendo o objetivo evitar a fragilização do SNS e que os cuidados médicos se transformem num negócio que beneficia os privados.

A apresentação do projeto foi feita, em Lisboa, por Catarina Martins, na Conferência Nacional em defesa do SNS.