O Presidente timorense pediu este sábado aos líderes políticos para debaterem com “serenidade e seriedade” os seus programas para o país, evitando insultos e a “deturpação da história” no período de campanha para as legislativas antecipadas de 12 de maio.

“O tempo de campanha não pode ser usado para o insulto e para a deturpação da história, a distorção do nosso passado”, disse Francisco Guterres Lu-Olo numa mensagem em vídeo para o país, a cujo conteúdo a Lusa teve este sábado acesso.

“O passado não pode ser esquecido. Respeitar o passado, ser fiel à História é lançar bases para o futuro que não se constrói com a mentira e a falsidade. É tempo de discutir com seriedade e serenidade o futuro. Sem ódio nem necessidade de ajustar as contas do passado”, defende o Presidente.

Lu-Olo recorda o “exemplo notável” dos veteranos da luta do país contra a ocupação indonésia e pela independência, sublinhando que as suas “qualidades morais [e] humanas” devem ser “um exemplo para os jovens, se estiverem à altura da dignidade do seu passado”.

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Apesar de satisfeito com “o clima de tranquilidade e calma reinantes” na primeira semana da campanha, Lu-Olo refere-se à tensão política que tem marcado os comícios e as ações políticas, com críticas e ataques diretos a líderes nacionais e intensas referências a momentos do passado da luta contra a ocupação indonésia.

“O tempo de campanha deve ser uma oportunidade para olharmos para o futuro. Deve ser o tempo para apresentar as nossas ideias, as nossas linhas de ação, os nossos programas políticos”, afirma o chefe de Estado.

“As nossas cidadãs e os nossos cidadãos querem ouvir ideias e não querem ouvir insultos entre dirigentes políticos. Os nossos jovens querem ser educados na democracia e no debate. Não querem ser educados na demagogia e no insulto.

Reiterando apelos que deixou antes da campanha, Lu-Olo defendeu que os partidos e coligações candidatas ao voto devem aproveitar a campanha para apresentar os seus programas, evitando os ataques pessoais.

“O insulto rebaixa quem se serve dele e em nada ajuda o nosso povo, no caminho para democracia e para a cidadania responsável. Apelo ao respeito pelo Pacto que os dirigentes políticos assinaram”, afirmou.

“A moderação é uma exigência da campanha política. A palavra delicada revela respeito para connosco próprios, para com os nossos adversários políticos e sobretudo para com o nosso povo”, insistiu.

O apelo surge em plena campanha eleitoral, que tem sido marcada por críticas e insultos pessoais, tanto em comícios e ações de campanha como nas redes sociais.

Muitos dos comentários referem-se ao passado da luta contra a ocupação indonésia e pela independência de Timor-Leste, com tentativas de alguns dirigentes de politizarem os diferentes braços da resistência: armada, clandestina e diplomática.

Militantes de algumas forças políticas promovem a ideia de que o voto de 12 de maio coloca em confronto a frente armada – com Xanana Gusmão e Taur Matan Ruak – e a frente diplomática – com Mari Alkatiri e José Ramos-Horta.

Na sexta-feira, a Associação dos Antigos Prisioneiros Políticos (ASSEPOL) timorenses já tinha também apelado aos líderes políticos para evitarem o tom de “confrontação” que tem marcado a campanha, pedindo “respeito mútuo” entre os partidos.