Mais de duas de dezenas de pessoas, entre as quais um jornalista, morreram durante os protestos na Nicarágua contra a reforma da segurança social do Governo de Daniel Ortega, noticiou este domingo a Associated Press (AP).

Num vídeo noturno, relata a AP, é possível ver o jornalista Angel Gahona, vestido de ‘jeans’ e camisa azul, com um telemóvel na mão a fazer uma reportagem em direto via Facebook sobre os protestos que assolam a Nicarágua.

Segundos depois, ouve-se um tiro e Gahona cai morto no chão.

Além de Gahona, pelo menos 25 outras pessoas foram mortas desde quarta-feira durante os protestos, de acordo com um grupo de direitos humanos da Nicarágua.

Entretanto, no sábado o Presidente nicaraguense, Daniel Ortega, rompeu o silêncio que tinha mantido desde o início das manifestações para assegurar que o seu Governo está aberto ao diálogo sobre a reforma.

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“O Governo está totalmente de acordo em retomar o diálogo pela paz, pela estabilidade, pelo trabalho, para que o nosso país não enfrente o terror que estamos a viver neste momento”, afirmou na televisão nacional, sem avançar uma data para o início do diálogo.

Afirmou ainda que as manifestações foram apoiadas por grupos políticos que se opõe ao seu Executivo e financiados por organizações extremistas dos Estados Unidos, sem adiantar ou identificar os movimentos.

O seu objetivo, prosseguiu Daniel Ortega, é “semear o terror, semear a insegurança”, “destruir a imagem da Nicarágua” depois de “onze anos de paz”.

Após o seu discurso, centenas de jovens envolveram-se novamente em confrontos violentos com a polícia na capital.

Ortega não aparecia em público desde que os protestos, que fizeram cerca de 11 mortos segundo o Governo, tiveram início.

Uma centena de pessoas ficaram feridas durante as manifestações, as mais violentas depois da chegada ao poder de Daniel Ortega, há 11 anos.

Os protestos endureceram na sexta-feira, o terceiro dia de manifestação, com confrontos com a polícia e danos em edifícios governamentais em Manágua e outras cidades em todo o país.

Quatro canais de televisão independentes foram impedidos pelo Executivo, na quinta-feira, de fazer a cobertura das manifestações.

As manifestações tiveram início na passada quarta-feira, na capital do país, Manágua, e em León, alargando-se a outras zonas do país.