Jeff Guyton, presidente e CEO da Mazda Europa, é apenas o mais recente responsável de um construtor de automóveis que veio a público chamar a atenção para o facto de banir os diesel ser um erro, que considera injustificado e não suportado pela ciência.

À sua maneira e Jeff é não só um bom comunicador, como um profundo conhecedor da matéria, o responsável máximo do fabricante japonês no Velho Continente recorda que “o maior desafio que se coloca hoje é conseguir produzir os SUV de que a maioria dos consumidores gosta e faz questão em comprar, mas sem que estes veículos maiores e mais pesados sejam necessariamente menos económicos e, logo, mais poluentes”.

Estas afirmações estão em linha com o que defenderam recentemente a Mercedes e a Porsche, apesar desta última ter prometido numa semana banir os diesel, para passados uns dias admitir que vai continuar a produzi-los.

É bom ter presente que, da mesma forma que os bancos são os melhores locais para guardar o nosso dinheiro, excepto quando são geridos por vigaristas e controlados por reguladores incompetentes  ou corruptos, também os motores diesel são melhores do que as unidades a gasolina no que respeita às emissões poluentes. Contanto que não surja no circuito um conjunto de directores e administradores que, para fazerem crescer artificialmente os seus prémios anuais milionários, com um incremento não sustentado das vendas, decidam subverter as regras do jogo, enganando o fabricante e os clientes.

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Em condições normais e com a tecnologia actualmente disponível – filtros de partículas, recirculação de gases de escape, injecção de AdBlue e SCR –, já é possível que os diesel se batam taco-a-taco com os gasolina na maioria dos poluentes, com a vantagem de consumirem menos e logo emitirem menos CO2. E se os clientes adoram os menores consumos, os fabricantes estão amarrados às menores emissões de CO2, não deixando de ser curioso que um dos maiores problemas ambientais dos nossos dias seja provocado por um composto que não é poluente, uma vez que o dióxido de carbono até é exalado pelos seres humanos e processado pelas plantas. O que não o impede de ser o principal responsável pelo aquecimento global, dado o exagero com que é lançado na atmosfera.

Jeff Guyton defende que “não faz sentido obrigar os consumidores a utilizar carros que emitam menos CO2, quando o que eles querem é SUV e baixos consumos”. Para depois concluir: “É por isso que continuamos a desenvolver motores diesel, para que sejam cada vez mais potentes e mais económicos, para o que pode contribuir o recurso a soluções híbridas.” E não só, uma vez que a Mazda está na linha da frente na concepção de novos motores, que usufruem do melhor de dois mundos, como o SkyActiv X.

Motor a gasolina que bate o diesel. E eléctricos

O mais interessante é que se muitos se vêem ‘aflitos’ com a substituição da antiga norma de determinação de consumos NEDC pela nova e mais restritiva WLTP, Guyton regozija-se com a sua entrada em funcionamento, já a partir de Setembro. Obviamente esperando a fase seguinte, em que se evolua para as medições em Real Drive Emissions (RDE), pois aqui os consumos avaliados em laboratório passam a ter de ser confirmados em contexto real de utilização e, mais importante do que isso, os diesel e gasolina passarão a ser penalizados da mesma forma.

A Mazda acredita que a sua tecnologia, que denomina SkyActiv, lhe vai permitir disputar a liderança entre os diesel mais eficazes, acreditando que nesse período a vantagem dos motores a gasóleo será ainda mais evidente face aos seus “adversários” a gasolina. Ainda que os híbridos e, sobretudo, os híbridos plug-in possam esbater essa eventual vantagem, uma vez que baixam os valores absolutos alcançados por ambos.