Maquilhada, penteada e com um aspeto que poucos associam a alguém que acabou de ter um filho. Foi assim que a duquesa de Cambridge, Kate Middleton, deixou esta segunda-feira o Hospital St. Mary’s, em Londres, menos de sete horas depois de ter dado à luz o seu terceiro filho. Não é uma novidade absoluta. Já tinha acontecido no nascimento da princesa Charlotte: dez horas depois de ter dado à luz, a duquesa deixou o hospital na companhia do marido, o príncipe William. Só no nascimento do primeiro filho é que Kate passou a noite no hospital.

É normal uma mãe sair do hospital poucas horas depois do parto?

Mais ou menos. Não é de todo anormal, mas também “não é uma situação standard para todas as mulheres que acabam de ter um filho”, explica ao Observador o obstetra e ginecologista Daniel Pereira da Silva, que é também presidente das Sociedades Portuguesas de Obstetrícia e Ginecologia. Por outro lado, é preciso ter em conta que, do outro lado da porta, estão centenas de jornalistas e fãs a aguardar o momento em que a Duquesa de Cambridge mostra o recém-nascido ao mundo. A pressão existe mas não há magia nenhuma. “Não é uma situação de rotina, mas desde que haja cuidados, é possível“, afirma Daniel Pereira da Silva, adiantando que uma situação como esta é possível “numa circunstância especial, com apoio médico”.

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É possível para qualquer tipo de parto?

Não. Desde logo: “Cesariana seria impensável“, explicou ao Observador o obstetra e ginecologista Carlos Veríssimo. Caso Kate Middleton tivesse tido os filhos por cesariana, “não podia andar com essa agilidade”, diz ainda. Pelo que Carlos Veríssimo está certo: “Foi parto normal, de certeza.

Por norma, no Sistema Nacional de Saúde português, em caso de cesariana, a mãe teria de ficar no hospital, pelo menos, 72 horas. Já no caso de um parto normal, esse número reduz para apenas 48 horas “se necessitar”. Segundo explicou Carlos Veríssimo, se não existirem complicações, a mãe pode sair mais cedo.

Um parto normal, sem pontos e sem epidural permite uma maior mobilidade. Aliás, mesmo com um ou dois pontos, a mobilidade não estaria condicionada. Carlos Veríssimo alerta, no entanto, para o risco de infeção. Mas destaca que pessoas como Kate Middleton terão um “hospital privado em casa”. Ambos os obstetras e ginecologistas esclareceram ao Observador que é indiferente se o parto foi induzido ou não.

Andar de saltos depois de uma epidural é possível?

De saltos, ou sem saltos, “a epidural pode dificultar a marcha e o equilíbrio“, admite Daniel Pereira da Silva alertando, no entanto, que “se for um parto via vaginal, como aconteceu seguramente, a mobilidade vai depender da própria epidural”. Vai depender da dose aplicada consoante um parto mais ou menos complicado.

Carlos Veríssimo explica que uma mulher que acaba de ter um filho está sempre duas horas no recobro e só depois é que vêm para o quarto. “Nunca menos de duas horas”, disse relativamente ao tempo que o efeito de uma epidural demora a passar.

O número de filhos tem influência na recuperação?

Quando deu à luz o príncipe George, Kate Middleton passou uma noite no hospital. Com a princesa Charlotte, a duquesa deixou o hospital 10 horas depois do parto. Esta sexta-feira, o número de horas que a mulher do príncipe William esteve no hospital depois de ter dado à luz voltou a baixar: apenas sete horas. Não é coincidência:

Quantos mais filhos se tem, menos anestesia é precisa, menos pontos são necessários e, por isso, menos horas a mãe precisa de passar no hospital”, esclareceu Carlos Veríssimo.

O mesmo acontece com o tamanho e peso dos recém-nascidos. “Se a criança não for muito pesada, em casos em que não haja pontos, teoricamente, não existe razão nenhuma para não sair do hospital”, disse ainda Carlos Veríssimo ao Observador.

E os recém-nascidos?

A mãe pode até sair mais cedo, mas no que diz respeito aos recém-nascidos, a saída é mais complicada. Isto porque, segundo Carlos Veríssimo, em regra “os pediatras não libertam as crianças 36 horas ou 48 após o parto“. “Um dia, pelo menos, ficam lá”, no hospital, disse ainda.

Já Daniel Pereira da Silva, sublinha que “o grande problema é a proximidade dos cuidados e e saber se a mãe tem condições assistenciais que permitam cuidar do bebé”. O tempo que um recém-nascido passa no hospital depende sobretudo das “condições de nascimento”, acrescenta.