Perto da baixa de Toronto, entre a Yonge Street e a Finch Avenue, Alek Minassian, 25 anos, canadiano, atropelou mortalmente 10 pessoas e feriu outras 15 na tarde desta segunda-feira. Depois, e quando finalmente a carrinha onde seguia Minassian parou, este abandonou-a empunhando o que à primeira vista aparentava ser uma arma de fogo, clamando à polícia que o alvejasse na cabeça. Mas Alek Minassian não foi alvejado, acabando imobilizado e detido, sendo presente a julgamento nesta terça-feira.
Há uma pergunta que todos fazem no Canadá: porque razão não foi o homicida de Toronto baleado (mortalmente, uma vez que afirmava estar armado e apontava às autoridades) naquele momento? A reação do primeiro polícia que abordou Minassian causou espanto e gerou elogios vários. Primeiro, o polícia gritava insistentemente ao suspeito, exigindo ao mesmo que se deitasse no asfalto. Minassian resistiu. E quando à polícia o suspeito garantiu que estava armado (tal facto não se comprovou ainda), o agente da Polícia de Toronto logo respondeu: “Não quero saber! Chão!”
À BBC, Rick Parent, criminologista da Simon Fraser University, no Canadá, explicou que, por comparação com a polícia norte-americana, a canadiana “tem mais relutância em disparar”.
O chefe da Polícia de Toronto, Mark Saunders, afirmou aos jornalistas que o polícia que imobilizou Minassian fez um “trabalho fantástico” tendo em conta “as circunstâncias e o ambiente”, procurando sempre uma “resolução pacífica”. E concluiu que a polícia canadiana procura sempre “utilizar o mínimo de força em qualquer situação”.
Michael Lyman, professor de Direito Penal no Columbia College, no Missouri, discorda da atuação policial, e explica que o agente em questão tinha o “direito” de abater o suspeito. “Partindo do principio que ele [Alek Minassian, já acusado em tribunal de homicídio] empunhava uma arma de fogo, e que a apontava, é preocupante que o agente não tenha disparado a matar”. Outro especialista ouvido pela BBC, William Terrill, professor de Criminologia na Arizona State University, tem uma explicação para a posição da polícia canadiana. “É possível que o agente tivesse percebido que o objeto na mão do suspeito não era uma pistola. Ou, sendo uma pistola, não era verdadeira. Só isso explica que o agente tenha deixado a proteção do carro, expondo-se perante o suspeito. Mas também é possível que ele tenha simplesmente ‘congelado’ naquele momento”, conclui.