Um total de 96,3% de 2.000 portugueses inquiridos num estudo defende que todas as vacinas com indicação para administração em idade pediátrica devem integrar o Programa Nacional de Vacinação (PNV), ou seja, todas as vacinas devem ser gratuitas. Esta é uma das conclusões do estudo, promovido pela Apifarma – Associação Portuguesa Da Indústria Farmacêutica, destinado a avaliar a perceção do valor das vacinas, a importância e satisfação com o Programa Nacional de Vacinação (PNV), bem como com as vacinas não incluídas no PNV.
O estudo resultou de entrevistas ‘online’ realizadas entre 19 de março e 8 de abril de 2018 a uma amostra de 2.000 pessoas de um universo de população entre os 18 e os 64 anos, residente em Portugal continental, com e sem filhos até aos 10 anos de idade. O estudo “Perceção do Valor das Vacinas”, da iniciativa da Comissão Especializada de Vacinas (CEV) da Apifarma, assinalou a Semana Europeia da Vacinação, que decorre entre segunda-feira e o próximo domingo.
O estudo revela ainda que 76,5% dos inquiridos estão disponíveis para adquirir vacinas não incluídas no PNV, quando recomendadas pelos médicos. “Também se avaliou o nível de conhecimento dos portugueses a respeito do PNV. Apesar de apenas 59,2% dos inquiridos afirmarem conhecer a calendarização do PNV, 88,4% dos entrevistados dizem saber quais as próximas vacinas a serem administradas. Este indicador, de `cumprimento de calendário, pode explicar os 84,7% dos inquiridos que afirmaram ter as vacinas em dia”, indica uma nota sobre as conclusões do inquérito.
O estudo inquiriu também os profissionais de saúde a exercer em Portugal nas especialidades médicas de Pediatria e Clínica Geral e Enfermagem, que observem em média, pelo menos, 20 crianças até aos 10 anos, por mês. Neste domínio, as entrevistas ‘online’ foram realizadas entre 19 de março e 22 de abril a uma amostra de 100 Pediatras, 175 Clínicos Gerais e 200 Enfermeiros. As vacinas extra PNV mais recomendadas pelos profissionais de saúde são contra a gripe, meningococo, rotavírus, papilomavirus humano (HPV) e hepatite A e B.
De acordo com a Apifarma, o estudo evidencia que os portugueses têm um “conhecimento sólido” quanto aos benefícios e à importância da vacinação. Assim, a maioria dos inquiridos – quer a população em geral, quer os profissionais de saúde – afirma dar muita importância à vacinação e reconhece que as vacinas têm contribuído para a erradicação de doenças a nível mundial.
O estudo indica igualmente que a maioria dos inquiridos concorda que quem está vacinado está mais protegido de doenças do que quem não se vacina. “Talvez por isso defendem que as vacinas deveriam ser gratuitas para crianças e grupos de risco, como idosos ou portadores de doenças crónicas”, conclui o estudo da Apifarma.
Perante os dados obtidos, a Comissão Especializada de Vacinas da Apifarma reitera a importância da imunização e os benefícios das vacinas para a saúde pública, lembrando que as vacinas representam “uma das maiores histórias de sucesso da medicina moderna” e são um investimento na saúde e bem-estar das populações.
“A maioria das crianças e adultos do continente europeu estão vacinados contra o sarampo, rubéola, papeira, difteria, tosse convulsa, tétano e poliomielite. Cada vez mais crianças estão também vacinadas contra o pneumococo, vírus do papiloma humano (HPV) e vírus da hepatite B”, enfatiza a comissão especializada. A Apifarma refere, contudo, que, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), os benefícios das vacinas estão distribuídos de forma desigual na Europa e existem ainda muitas crianças desprotegidas.
Em 2016, uma em cada 15 crianças na Europa não foi vacinada contra o sarampo e uma em cada 21 crianças não tomou todas as doses recomendadas das vacinas contra a difteria, tétano e tosse convulsa. Em alguns países, a taxa de vacinação contra o HPV ainda é inferior a 50%, alerta a Apifarma, observando que coberturas vacinais baixas são uma porta aberta para doenças infecciosas. A Comissão Especializada de Vacinas da Apifarma salienta que, além de salvarem vidas, os projetos de vacinação sustentada e em grande escala, como é o caso do PNV em Portugal, são uma das intervenções mais custo-efectivas na área da Saúde Pública, representando menos de 0,5% do orçamento anual para a saúde.