O Banco Central Europeu (BCE) afirmou esta quinta-feira que observou uma moderação no crescimento da zona euro e mostrou-se preocupado com as “ameaças protecionistas”, traçando um cenário mais pessimista. “Após vários trimestres de crescimento acima do previsto, as informações disponíveis desde a nossa última reunião, em março, parecem indicar alguma moderação”, declarou o presidente do BCE, Mario Draghi, em conferência de imprensa.
Draghi referiu, no entanto, que a conjuntura atual permanece “coerente com uma expansão ampla e sólida”. “Ficou claro que desde a última reunião quase todos os países registaram, em diferentes graus, uma moderação ou uma perda de dinâmica no crescimento”, indicou, alguns dias antes de serem divulgados os números do crescimento da zona euro no primeiro trimestre de 2018.
Draghi apontou também os riscos que um agravamento “das ameaças protecionistas” colocam à economia mundial, com a possibilidade de Washington anunciar novas tarifas para importações de aço e alumínio provenientes da Europa. “Os riscos ligados a fatores de natureza mundial, incluindo as ameaças de aumento do protecionismo, tornaram-se mais importantes, alertou. Para Mario Draghi, a tensão comercial tem estado por agora no domínio “da retórica”, mas resta ver o que “isso vai produzir” e sobretudo a “dimensão das represálias”.
“O que é certo é que estes acontecimentos têm um efeito profundo e rápido na confiança” dos meios económicos, suscetível de “afetar, por sua vez, as perspetivas de crescimento”, considerou. Draghi afirmou ainda que o BCE vai manter-se atento ao impacto que este cenário terá na evolução da inflação, que se tem mantido afastada do objetivo de uma taxa próxima mas ligeiramente abaixo de 2%.
Apesar da instituição insistir há meses que mantém a confiança na possibilidade de uma evolução dos preços compatível com o seu objetivo, a inflação ficou em março em 1,3%, o que parece impossibilitar um endurecimento da política monetária. Na reunião de hoje, o BCE decidiu deixar as taxas de juro inalteradas, com a principal taxa de refinanciamento em 0%, e manter o programa de compra de ativos a um ritmo de 30 mil milhões de euros mensais até finais de setembro, sem indicar uma data definitiva para o fim do programa de estímulos.