O hip-hop marca presença no IndieLisboa com a exibição de dois documentários portugueses, um focado nas quatro vertentes daquela cultura — rap, DJing, breakdance e graffiti– e outro sobre a história e histórias do rap feito no Porto. A 15.ª edição do Festival Internacional de Cinema de Lisboa — IndieLisboa começa esta quinta-feira e decorre até 6 de maio e os dois filmes — “Hip to da Hop” e “Não podes criar o mundo duas vezes” — integram a secção IndieMusic.

Com “Hip to da Hop”, António Freitas e Fábio Silva querem “dar a conhecer uma cultura, que é também um estilo de vida”, composta por quatro vertentes, lembrando que o hip-hop “não é um estilo de ginástica ou de música”. Os dois, como recordaram em declarações à Lusa, entraram na cultura hip-hop por vertentes diferentes, António Freitas começou a pintar graffiti no final da década de 1990. Já Fábio Silva, o primeiro contacto que teve foi através da música, o rap. O que podia dar “era escrever e filmar”, tendo-se associado à página de divulgação da cultura hip-hop H2Tuga.

“Hip to da Hop” aconteceu porque “emocionalmente é algo que queres partilhar com o mundo” e Fábio e António, apesar de já saberem “muita coisa”, aprenderam “muito a fazer o filme”. Com as entrevistas que realizaram — cerca de 50 — e porque “umas conversas levaram às outras”, foram “descobrindo caminhos” que os levaram do Porto ao Algarve.

Em “Hip to da Hop” está “10%” do que recolheram em conversas com ‘writers’, ‘dj’, ‘mc [mestres de cerimónias]’, ‘b-boys’ e outras pessoas que gravitam naquela cultura. Três anos depois de terem começado, conseguiram construir “uma narrativa que é contada pelos próprios [protagonistas da cultura]” e assim concluir um filme que é “educacional”, referiu António.

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Fábio acredita que o público que gosta e segue a cultura “está conquistado à partida”, mas o objetivo é “chegar a um público dos oito aos 80 [anos], independentemente de gostar ou não” de hip-hop. Além de “Hip to da Hop” que dá uma visão alargada da cultura hip-hop em Portugal, será também exibido no festival “Não Consegues Criar o Mundo Duas Vezes”, de Catarina David e Francisco Noronha, centrado no rap feito no Porto.

Além de trabalharem juntos, Catarina e Francisco são “amigos há muito tempo” e um dos pontos que têm em comum é “o gosto pela música e em concreto pelo rap”. O filme, “além de ser sobre a história de uma expressão artística e de um movimento cultural no Porto do final dos anos 1980/90 até hoje, acaba por ser também sobre a história de uma cidade”.

Da cidade, mostram espaços que acharam “pertinentes” ou dos quais os rappers falaram “como importantes para a história do rap”, como explicaram à Lusa em outubro, a propósito da estreia do filme no festival Porto/Post/Doc. “O Porto é o centro, mas com as periferias muito ativas”, como Matosinhos ou Vila Nova de Gaia, disse Francisco Noronha.

Entre as bandas e rappers que entrevistaram estão Reunião das Raças, Dealema (Maze, Mundo, Expeão, Fuse e Guze), Mind da Gap (Ace, Presto e Serial), L.C.R. (Nocas e Berna), Triângulo Dourado, Conjunto Corona (dB e Logos), Capicua, M7, Virtus, Deau e Minus.

“Focámo-nos mais em falar com as pessoas envolvidas na história, para [a] contarem”, referiu Catarina David. Para complementar as entrevistas, têm imagens “filmadas nos dias de hoje” e material de arquivo, “muito cedido pelos artistas” com quem falaram. “Hip to da Hop” é exibido a 28 de abril às 19h00 no Cinema São Jorge e a 30 de abril às 10h30 na Culturgest, já “Não Consegues Criar o Mundo Duas Vezes” pode ser visto a 3 de maio no São Jorge.