O secretário de Estado da Proteção Civil afirmou este domingo que Portugal está “mais limpo e capaz” de defender dos incêndios a vida de quem mora no interior, com novas capacidades de comunicações de emergência e limpeza de material combustível.

Falando aos jornalistas no encerramento do congresso da Associação Nacional de Bombeiros Profissionais (ANBP), José Artur Neves anunciou que entre as novidades está um sistema que permitirá aos comandantes saber exatamente onde estão todos os bombeiros a combater um incêndio, uma função nova do sistema de comunicações de emergência Siresp.

O sistema está a ser instalado em todos os postos de bombeiros e usa georreferenciação para poder “fazer o desenho do desenvolvimento dos fogos”, disse o responsável, que indicou que estão a ser instalados “sistemas de redundância” na rede Siresp, para evitar “no período crítico” os “lapsos que já vêm de há vários anos”.

No terreno estarão “mais de dez mil” bombeiros, haverá 39 meios aéreos e estruturas de ataque ao fogo aplicadas, afirmou.

Respondendo aos apelos dos bombeiros profissionais, José Artur Neves afirmou que “a curto prazo” o governo criará novas carreiras para os diversos ramos do setor, juntando sapadores e municipais numa única carreira de sapador bombeiro e criando uma nova carreira para integrar numa Força Especial de Proteção Civil os membros da Força Especial de Bombeiros.

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Em declarações aos jornalistas, o presidente da ANBP, Fernando Curto, afirmou que são “passos na direção certa”, mas que os profissionais querem um estatuto e carreira única, uma promessa que reclamam há dez anos.

Fernando Curto criticou o que considera ser uma excessiva militarização dos comandos dentro da Autoridade Nacional de Proteção Civil e alertou para a média de idades dos bombeiros profissionais, que está entre os 45 e os 50 anos.

À frente de bombeiros profissionais são colocados “militares, GNR, doutores, PSP”, o que a classe entende como “uma desvalorização muito grande”.

Os bombeiros profissionais continuam à espera de ser ouvidos para a nova lei orgânica da Proteção Civil e Fernando Curto não acredita que se consiga criar “legislação suficiente para mover o setor” até ao início do período crítico dos fogos.

Além disso, alerta, a campanha de limpeza de material combustível que o governo iniciou chamando a atenção para as multas que esperariam os proprietários que não limpassem os terrenos não é suficiente.

“Pode-se cortar hectares de tudo, mas corre-se o risco de haver em julho e agosto uma nova manta seca que é o arvoredo que vai crescer e secar rapidamente. Aí, quem vai fazer prevenção?”, questionou.

Em relação ao dispositivo para este ano, considera que “não está muito diferente mas está organizado de outra maneira, o que nos cria expectativa”, apontando que como era antes, “com horas certas e períodos, era uma anedota” e destacando que agora todos os meios estão sempre disponíveis.

Fernando Curto espera que essa disponibilidade de meios chegue às equipas de primeira intervenção e à Força Especial de Bombeiros.

“Não pode haver um ano de 2017 outra vez”, reclamou, aludindo aos incêndios que fizeram mais de cem mortos no centro do país perante os representantes de corpos de bombeiros de todo o país, que estiveram este fim de semana reunidos nos Voluntários do Dafundo.