O livro “A Alma Vagueante”, de Mário Cláudio, venceu por unanimidade o Grande Prémio de Crónica e Dispersos Literários da Associação Portuguesa de Escritores (APE), patrocinado pela câmara de Loulé, foi divulgado esta segunda-feira.
O júri do galardão, com o valor pecuniário de 10 mil euros, foi constituído por Cândido Oliveira Martins, professor na Universidade Católica Portuguesa, Carina Infante do Carmo, professora na Universidade do Algarve e membro do Centro de Estudos Comparatistas da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, e por Carlos Albino Guerreiro, jornalista e autor de “O Bando dos Instantes”.
Sobre a escolha da obra, editada pela Minotauro, o júri destacou em ata “a brilhante qualidade da sua escrita; o enorme poder de sugestão dos perfis delineados; e a singularidade de serem crónicas sobre personalidades merecedoras de homenagem, enquanto relevantes criadores da cultura portuguesa”.
Nesta 3.ª edição do Grande Prémio de Crónica e Dispersos Literários concorreram, “a título excecional, obras saídas nos anos de 2016 e 2017”, esclarece a APE. Nas edições anteriores, foram distinguidos José Tolentino Mendonça e Rui Cardoso Martins. A cerimónia de entrega do prémio realiza-se no próximo dia 10 de maio, no salão nobre dos Paços do Concelho desta cidade algarvia.
Mário Cláudio — pseudónimo literário de Rui Manuel Pinto Barbot Costa, nascido há 71 anos no Porto — é licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra, onde se diplomou também como bibliotecário-arquivista, e ‘Master of Arts’ em Biblioteconomia e Ciências Documentais pela Universidade de Londres.
A sua estreia literária deu-se em 1969, como poeta, com a obra “Ciclo de Cypris”. Ao longo da carreira tem sido distinguido com diversos galardões. Em 1985, recebeu o Grande Prémio de Romance e Novela da APE pela obra “Amadeo”, primeiro romance de um conjunto a que intitulou, posteriormente, “Trilogia da Mão”. Em 2001, recebeu o Prémio Novela da APE pelo livro “A Cidade no Bolso” e, em 2004, foi distinguido com o Prémio Pessoa.
Em 2005, recebeu o Prémio Clube Literário do Porto e, em 2008, o Prémio Vergílio Ferreira, da Universidade de Évora, bem como o Prémio Fernando Namora/Estoril-Sol pelo livro “Camilo Broca”. O romance “Retrato de Rapaz” valeu-lhe em 2014 o Grande Prémio de Romance e Novela da APE/Direção-Geral do Livro, Arquivos e Bibliotecas.
Da sua bibliografia fazem parte títulos como “Guilhermina” (1986), “A Quinta das Virtudes”, (1991), “Tocata para Dois Clarins” (1992), “O Pórtico da Glória” (1997), “Peregrinação de Barnabé das Índias” (1998), “Ursamaior” (2000), “Orion” (2003), “Gémeos” (2004) e “Triunfo do Amor Português” (2004).
Na poesia conta ainda, entre outros, com títulos como “Terra Sigillata” (1982) e “Dois Equinócios” (1996). Na área de ensaio publicou “Para o Estudo do Alfabetismo e da Relutância à Leitura em Portugal” (1979), “Júlio Pomar — Um Álbum de Bichos (2007), “Fotobiografia de António Nobre” (2006), entre outros títulos, e para teatro editou “Noites de Anto” (1988), “A Ilha de Oriente” (1989), “Henriqueta Emília da Conceição” (1997) e “O Estranho Caso do Trapezista Azul” (1998). “A Bruxa, o Poeta e o Anjo” (1996) é um dos seus títulos na ficção infanto-juvenil.
Mário Cláudio tem também traduzido obras de autores como William Beckford, Odysseus Elytis, Nikos Gatsos e Virginia Woolf.