Veneza tem cada vez mais turistas — por ano, a cidade italiana recebe cerca de 30 milhões de pessoas. No sábado, foram instalados torniquetes para regular o fluxo de visitantes naquela cidade. A medida, tomada pelo autarca da cidade, Luigi Brugnaro, já está a causar polémica. Dezenas de pessoas manifestaram-se no domingo contra os novos controladores de acesso.
A quantidade de turistas que chega a Veneza todos os anos está a tornar-se prejudicial à normal vivência na cidade. A verdade é que a população residente continua a cair: com cerca de mil habitantes a deixarem a cidade por ano. A nova medida implementada pelo autarca de Veneza — quatro controladores de acesso, dois na Praça de Roma, antes da Ponte da Calatrava, e outros dois antes da Ponte dos Descalços, de acordo com o jornal El País –, deixa assim as principais entradas da cidade sob controlo.
#Venezia | Dopo il blitz dei NoGlobal a Piazzale Roma il sindaco Brugnaro ai varchi del ponte della Costituzione e nella sala operativa della Polizia Locale per monitorare la gestione dei flussi turistici @comunevenezia @CMVenezia @veneziaunica
[staff] pic.twitter.com/MO03EOta9O
— Luigi Brugnaro (@LuigiBrugnaro) April 29, 2018
Apesar de Luigi Brugnaro estar satisfeito com as medidas implementadas, há já quem proteste contra elas. “É a primeira vez que se tenta regular o fluxo de turistas em Veneza. Claramente cometeremos muitos erros e teremos muitas críticas, mas até agora está a funcionar perfeitamente”, afirmou o autarca no sábado. Contudo, após a instalação dos torniquetes cerca de trinta pessoas saíram à rua para demonstrar o seu descontentamento. Nas mãos, levavam cartazes com inscrições como “Veneza não é uma reserva, não estamos em perigo de extinção”.
A organização de extrema esquerda Morion explicou, em comunicado, que a medida “demonstra a vontade do conselho de transformar, definitivamente, Veneza num parque temático” e que os “Check Point” são símbolo de que querem projetar a cidade “apenas para uso turístico, sem a valorizar”.
A #Venezia il test tornelli per i flussi turistici. Nonostante la città sia stata mèta prescelta da molti, italiani e stranieri, non c'è stato il temuto "assalto". Aspra protesta dei Centri Sociali @global_project
Servizio di Antonello Profita pic.twitter.com/I8db24aNdS— Tgr Rai Veneto (@TgrRaiVeneto) April 29, 2018
Os manifestantes defendem que os habitantes de Veneza não querem “portas na cidade” e, segundo os órgãos de comunicação locais, conseguiram mesmo remover uma das barreiras apesar de estarem a ser controladas pela polícia. Depois do incidente, Luigi Brugnaro anunciou no seu Facebook que o torniquete já tinha sido substituído e expressou o seu desejo de continuar a regular o número de visitantes.
O objetivo da implementação destas medidas é o controlo da ponte 1 de maio e do número de turistas que chegam à cidade. A polícia municipal pode mesmo receber ordens para encerrar o centro histórico em caso de excesso de pessoas. A medida surge também como resposta às ameaças da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) de eliminar Veneza da lista de cidades que são património da humanidade.