O ministro do Trabalho atribuiu o défice na qualificação de adultos em Portugal ao fim do programa socialista das Novas Oportunidades, “interrompido bruscamente” quando PSD e CDS-PP formaram Governo a seguir à derrota de José Sócrates.

Numa sessão de apresentação de um relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) sobre o tema da qualificação de adultos, Vieira da Silva apontou que havia “um elefante no meio da sala”: o fim das Novas Oportunidades, que provocou “uma rutura na capacidade de mobilizar mulheres e homens” para continuarem a educar-se.

“Eventualmente foram cometidos erros que deviam ter sido corrigidos: a interrupção abrupta e sem alternativas daquele programa foi um dano sério, mas os nossos problemas, infelizmente, têm raízes mais longínquas e são profundos”, disse o ministro aos jornalistas, à saída da sessão.

Vieira da Silva lembrou que na década de 1970, Portugal tinha taxas de alfabetização que em outros países se verificavam cem anos antes.

Antes, o responsável da OCDE pela setor da educação, Andreas Schleicher, tinha referido que em Portugal, a população mais velha “está a ficar para trás” nas qualificações em relação aos mais jovens, o que significa “uma sociedade dividida”.

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Schleicher, que apresentou a avaliação feita pela OCDE do panorama da educação das pessoas acima dos 25 anos, afirmou que continuar a aprender novas capacidades é essencial para esta fatia significativa da população ativa não ficar para trás por causa da digitalização.

O responsável da OCDE ilustrou que três quartos das pessoas têm competências ao nível do que hoje em dia pode ser desempenhado por sistemas com inteligência artificial.

Vieira da Silva apontou que “volta a existir um clima favorável para estratégias de requalificação” dos cidadãos e invocou que foi o setor das pessoas com mais de 45 anos o que ficou com mais dos “300 mil empregos” criados nos últimos dois anos.

O ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, destacou que o atual programa Qualifica pretende recuperar o fio ao que o programa Novas Oportunidades deixou por fazer, dando “um novo ritmo” à educação de adultos.

Tiago Brandão Rodrigues afirmou acreditar que haverá “uma base sólida” para o programa continuar “para além da legislatura”, sem “nenhum tipo de interrupção por opção política”.