O Partido Republicano do Povo, a principal formação da oposição na Turquia, designou Muharrem Ince para enfrentar o atual chefe de Estado e candidato do partido no poder, Recep Tayyip Erdogan, nas eleições presidenciais antecipadas agendadas para junho.

Deputado desde 2002, Muharrem Ince é considerado como um dos pesos pesados do Partido Republicano do Povo (CHP, social-democrata) e é um reconhecido crítico fervoroso de Erdogan, que está no poder há cerca de 15 anos.

Em abril passado, Erdogan anunciou que as eleições presidenciais e legislativas que estavam previstas para novembro de 2019 iam ser antecipadas para o próximo dia 24 de junho.

“Com a permissão de Deus e com a vontade da nação, serei eleito Presidente a 24 de junho”, declarou Muharrem Ince, numa cerimónia em Ancara.

Em abril, o líder do CHP, Kemal Kiliçdaroglu, anunciou que não seria candidato nas presidenciais turcas.

“Vamos escrever história juntos”, afirmou Kemal Kiliçdaroglu, antes de convidar o candidato Muharrem Ince a subir ao palco para proferir um discurso.

No seu primeiro discurso como candidato oficial do CHP, Muharrem Ince prometeu ser, caso seja eleito, “o Presidente de todos” e de ser imparcial.

Após ter proferido estas palavras, o candidato retirou o símbolo do CHP que tinha colocado na lapela do casado e substituiu-o por uma bandeira da Turquia.

Momentos depois do anúncio oficial da candidatura, Muharrem Ince, que celebra hoje o seu 54.º aniversário, publicou na rede social Twitter uma imagem sua e da respetiva família (mulher e dois filhos). A acompanhar a imagem estava uma legenda: “Estamos prontos”.

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O CHP está a apostar na grande popularidade e nos dotes oratórios de Muharrem Ince para enfrentar Erdogan.

Muharrem Ince, que tem formação na área da física e da química, é reconhecido na Turquia pelo seu estilo energético e combativo, tendo sido protagonista de discursos fervorosos e fortemente críticos da governação de Erdogan.

Num dos seus discursos mais famosos, Muharrem Ince disse que se um dia fosse eleito chefe de Estado colocaria à venda o palácio presidencial de proporções faraónicas que Erdogan decidiu construir na capital turca, Ancara.

O deputado da zona de Yalova (noroeste da Turquia) é também um dos principais rivais internos do atual líder do CHP. Muharrem Ince, que chegou a concorrer duas vezes à liderança do partido, tem criticado Kemal Kiliçdaroglu por causa dos resultados eleitorais registados pelo partido.

A par das presidenciais, a Turquia também realiza, a 24 de junho, eleições legislativas antecipadas.

Na quarta-feira, os ‘media’ turcos informaram que quatro partidos da oposição turca vão constituir uma aliança para tentar derrotar o partido no poder, o Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP), e a sua principal figura, Recep Tayyip Erdogan.

A par do CHP, a aliança vai integrar o Iyi (Partido Bom, centro-direita), o Saadet (Partido da Felicidade, conservadores) e o Partido Democrata (centro-direita).

Em reação a esta informação, o governo de Ancara criticou a iniciativa da oposição, argumentando que esta aliança política é apenas motivada pela hostilidade contra o Presidente da Turquia.

Segundo a imprensa local, a futura aliança da oposição turca parece ser uma resposta direta à coligação que o AKP estabeleceu com os ultranacionalistas do Partido de Ação Nacionalista (MHP) para as eleições de junho.

Esta aliança só será para as legislativas, uma vez que os quatro partidos vão ter os seus próprios candidatos na primeira volta da eleição presidencial.

A oposição turca está a utilizar todos os meios possíveis para tentar travar Erdogan.

Após este escrutínio, as alterações à Constituição aprovadas em referendo em abril de 2017 irão entrar em vigor e, caso seja o vencedor, o atual Presidente turco irá ver os seus poderes executivos fortemente reforçados.