Num país com mais de 11 milhões de habitantes, dos quais apenas quatro milhões tem acesso à internet — embora condicionado –, os youtubers começam a ter um papel fundamental. É de Cuba que estamos a falar. Ali, o Youtube é agora a nova televisão, uma televisão muito diferente daquela a que os cubanos estavam habituados: esta não é controlada pelo governo de Miguel Díaz-Canel.
Youtubers cubanos entre os 17 e os 25 anos, contaram ao El Mundo por que razões decidiram dedicar-se a fazer vídeos e partilhá-los na internet. Pedro Veitia, de 23 anos, estudante de Engenharia Industrial, conta que o faz porque tem necessidade de se expressar e “não porque é moda”. “Estivemos isolados durante muitos anos, ninguém sabia de nós até descobrirmos a internet e o Youtube, uma plataforma gratuita onde nos podemos expressar e deixar que os outros percebam como vivemos”, contou o jovem.
Em Cuba, o acesso à internet é muito limitado e diferente dos outros países. O jornal espanhol escreve que os telemóveis não podem, por exemplo, aceder às redes sociais e que não existe internet na maioria das casas — só mesmo os mais privilegiados é que têm essa regalia. A verdade é que os quatro milhões de habitantes têm acesso à internet só o conseguem fazer em locais públicos (wi-fi) e têm de pagar um dólar por hora.
Pedro Veitia, mais conhecido por Pedrito el Paketero, tem mais de 800 subscritores, mas o recorde é para Frank Camallerys, de 19 anos, cujo canal — Camallerys Vlogs — conta com mais de 12 mil, um número difícil de alcançar. O jovem estudante de Comunicação Social conta que quer “documentar Cuba e os cubanos comuns” tanto para estrangeiros como para quem vive na ilha.
A maioria dos cubanos segue os youtubers através de um pacote — que contém séries, filmes, programas de televisão e outros conteúdos –, porque os jovens pagam para que os seus conteúdos apareçam no menu. Estes pacotes de conteúdos televisivos tornam-se assim numa janela de liberdade e competem contra os conteúdos ideológicos do Estado.
Parece que em Cuba a sombra do governo está permanentemente presente, até mesmo no mundo do Youtube. Recentemente, num encontro de youtubers, a polícia questionou alguns jovens sobre as suas ideologias políticas sem perceber que a seu principal objetivo ao fazer vídeos é apenas mostrar como são as suas vidas (com muito humor, claro).