O economista-chefe da consultora Eaglestone considera que este é o momento adequado para Angola estancar a subida da dívida pública dos últimos anos, aproveitando o financiamento internacional, as reformas internas e o apoio do FMI.

“Acreditamos que esta é a altura certa para Angola lidar com a subida dos níveis da dívida pública dos últimos anos”, escreveu Tiago Dionísio numa nota de análise à emissão de três mil milhões de dólares em dívida pública, na semana passada.

“A atual agenda reformista do Governo e o anúncio de que o país chegou a um acordo não financeiro com o Fundo Monetário Internacional [FMI] são passos na direção certa”, considerou o economista, numa nota enviada aos investidores e a que a Lusa teve acesso.

Para Tiago Dionísio, “o facto de os preços do petróleo estarem bem acima da estimativa de 50 dólares por barril impressa no Orçamento para este ano e de uma grande parte da dívida do país ser em dólares são um claro bónus para os esforços de consolidação orçamental”.

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Angola voltou no final da semana passada aos mercados internacionais, emitindo três mil milhões de dólares, dividido em duas tranches, com prazo de 10 e 30 anos. No prazo a 10 anos, o país endividou-se em 1,75 mil milhões, pagando 8,25% de juros, e no prazo mais longo, foi emitido o restante montante (1,25 mil milhões), à taxa de juro de 9,375%.

“Esta emissão mostra que o apetite dos investidores pelos títulos de dívida africanos em moeda estrangeira continuam bastante intactos”, lê-se na análise à emissão de Angola, que juntamente com outras operações do género, eleva o total de financiamento africano nos mercados internacionais para mais de 15 mil milhões de dólares, bastante perto dos 18 mil milhões alcançados no total do ano passado e já ultrapassando o total de 2016.

“Angola juntou-se à África do Sul, Nigéria, Quénia e Senegal como o primeiro emissor de dívida a 30 anos”, vinca Tiago Dionísio, lembrando que os cupões pagos nestas operações ficaram entre 8,75% e 6,75%, abaixo do valor pago por Angola.