Este sábado foi o primeiro dia do resto da vida de Miguel Oliveira. Ao anunciar que tinha assinado contrato com a Tech 3 para rodar no Moto GP em 2019, o piloto português cumpriu um sonho de miúdo (ele e muitos e muitos fãs nacionais da modalidade, que tinham essa esperança de ver um dos seus a rodar ao lado de nomes como Marc Márquez, Valentino Rossi, Jorge Lorenzo ou Dani Pedrosa) mas também passou a estar “marcado”, com mais olhos sobre si tentando perceber o que tem de especial para essa promoção. A qualificação nem correu da melhor forma, saindo da pior posição da grelha na presente temporada, mas o jovem de Almada teve uma corrida de luxo no circuito de Jerez de la Frontera, que serve de cartão de visita para a próxima temporada.

Entre o sonho do Moto GP (com o ídolo Rossi) e a medicina dentária. Miguel Oliveira, o português no Moto 2

Partindo da quinta linha da grelha com o 14.º lugar (chegou a ter uma queda sem gravidade a cinco minutos do fim da qualificação), Miguel Oliveira teve uma fantástica saída e, com apenas duas voltas, já andava a atacar os primeiros lugares, comprovando a ideia que tinha deixado de estar com um bom ritmo de corrida. E foi mais longe, marcando a volta mais rápida da corrida que passou também a ser a volta mais rápida do circuito no Moto 2. O espetáculo estava montado e, à entrada da sexta volta, encontrava-se já na segunda posição, apenas atrás do italiano da Kalex Lorenzo Baldassarri, que conseguira o melhor tempo este sábado no circuito Ángel Nieto.

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Nessa fase, Miguel Oliveira conseguiu estabilizar o seu ritmo, mantendo-se atrás do transalpino. De forma indireta, as notícias continuavam a ser boas para o português: Álex Márquez, que corria em casa, acabou por sofrer uma queda e teve mesmo de desistir, deixando o piloto da KTM mais isolado no segundo lugar e com cerca de dois segundos à frente do então terceiro posicionado, o também italiano Francesco Bagnaia, líder da classificação com 57 pontos no final das três provas iniciais do ano antes da passagem para os traçados europeus. A dez voltas do fim, e depois de uma curva onde teve de alargar um pouco a trajetória, Oliveira estava a um segundo de Baldassarri.

No final, Miguel Oliveira terminou mesmo na segunda posição (a diferença aumentou nas derradeiras voltas, passando para uma média de três segundos), naquela que foi a melhor corrida até ao momento da temporada e o terceiro pódio consecutivo em 2018, depois dos terceiros lugares na Argentina e nos Estados Unidos (no Qatar, prova que marcou o arranque da época, não foi além do quinto posto), algo que acabou por ser muito festejado pelo piloto quando passou pela zona da pista onde se concentraram os seus apoiantes.

“A qualificação foi um pouco difícil para mim, não consegui encontrar uma linha certa, estava um pouco stressado. Fiquei desapontado com o tempo mas a corrida tinha de ser melhor. Tive um bom arranque, olhei para o grupo da frente, vi que tinha hipóteses e consegui. Lutar pela vitória era complicado porque o Baldo [Baldarrassi] esteve muito forte mas este segundo lugar acaba por saber a vitória”, referiu na flash interview após a corrida.

Com o terceiro pódio consecutivo nas primeiras quatro corridas da temporada, Miguel Oliveira passou para o terceiro lugar da classificação geral com 63 pontos, menos um do que Lorenzo Baldarrassi e a dez do que o líder do Moto 2, Francesco Bagnaia. A próxima corrida será no dia 20 de maio, o GP de França no circuito Bugatti, em Le Mans.