As forças políticas italianas deslocam-se esta segunda-feira para consultas ao gabinete do Presidente da República, Sergio Mattarella, que ameaça nomear um governo técnico se não se conseguir formar uma maioria parlamentar, dois meses após as eleições legislativas.

A última oportunidade para uma coligação entre o Movimento 5 Estrelas (M5S, populista antissistema) e o Partido Democrata (PD, centro-esquerda) “dissipou-se” e, ao fim de cinco rondas, “não emergiu nenhuma perspetiva de uma maioria governamental”, lê-se no comunicado do Presidente, na semana passada.

Estas formações políticas serão recebidas no palácio presidencial a partir das 10h00 locais (08h00 de Lisboa), antes dos pequenos partidos e dos presidentes do parlamento, ao fim da tarde.

Depois das eleições de 4 de março, a coligação de direita, formada pela Liga (nacionalista), Forza Italia (centro-direita) e Fratelli d’Italia (extrema-direita) e que obteve 37% dos votos, ainda não conseguiu formar Governo.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

De forma a evitar um governo técnico, o líder da coligação Liga propôs na sexta-feira uma parceria com o Movimento 5 Estrelas, até dezembro, com o objetivo de aprovar o orçamento de Estado para 2019 e uma nova reforma eleitoral.

Contudo, o Movimento 5 Estrelas (M5S), que obteve 32,6% dos votos, recusa-se a negociar o apoio a um Governo de que faça parte a Forza Italia, do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi, seu adversário histórico.

No domingo, em declarações à estação de televisão italiana Rai, Luigi Di Maio, líder do M5S, afirmou que abdica de ser primeiro-ministro de Itália e propôs a Matteo Salvini, líder da Liga, que juntos escolham um candidato a primeiro-ministro, com o objetivo de evitar a paralisação do Governo e a nomeação de um governo técnico.

“Se o obstáculo é Luigi Di Maio como primeiro-ministro, então vamos escolher um primeiro-ministro em conjunto”, afirmou.

De acordo com os observadores, Mattarella deverá pedir aos partidos que formem um governo transitório que terá como principal objetivo fazer aprovar a nova lei eleitoral. Tanto a Liga como o M5S rejeitam categoricamente qualquer ideia de um Governo transitório.

“Esse Governo não terá votos suficientes”, advertiu domingo Di Maio, afirmando que, se assim for, o seu partido está pronto para voltar às urnas em “Junho ou Julho”.

Mario Monti, primeiro-ministro italiano entre 2011 e 2013, é o nome mais provável para chefiar o executivo nomeado pelo Presidente italiano, de acordo com os observadores. O Presidente “não tem margem de manobra”, afirmou Lina Palmerini, especialista em política do jornal italiano Il Sole 24 Ore.

“Se o parlamento rejeitar o Governo do Presidente, a situação será muito difícil”, observou.