O bastonário da Ordem dos Médicos disse esta terça-feira esperar que a greve “tenha uma grande adesão”, assumindo ainda que ele próprio vai participar na paralisação.

Em declarações à agência Lusa no primeiro dos três dias de greve nacional de médicos, Miguel Guimarães avisou o Ministério da Saúde que a greve é “apenas um grito de alerta e um primeiro passo” que os profissionais dão para manifestar o seu descontentamento.

“A greve é apenas um primeiro passo que os médicos podem dar, têm outras possibilidades que podem ter mais força que a própria greve”, afirmou. A denúncia de irregularidades e deficiências no Serviço Nacional de Saúde (SNS) é uma outra forma de manifestar o descontentamento dos profissionais, segundo Miguel Guimarães.

“O estilo da Ordem não tem sido denunciar irregularidades, tem sido denunciar deficiências. Mas também se podem denunciar irregularidades”, avisou.

O bastonário dos Médicos vai ainda propor à Ordem que seja elaborada uma “carta essencial de intenções e compromissos” que vai ser apresentada ao ministro da Saúde e que seja divulgada publicamente. “Não se trata de questões laborais, mas questões essenciais que têm a ver com os doentes”, indicou.

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Sobre a greve que se inicia esta terça-feira, Miguel Guimarães diz esperar que o protesto tenha como consequência fazer com que “o ministro da Saúde se passe a interessar mais pela saúde dos portugueses e que valorize mais o seu pelouro dentro do Governo”.

O bastonário reforça que a situação do SNS se tem degradado ao longo dos últimos anos e, embora não sendo apenas uma responsabilidade do atual Governo, considera que este executivo nada tem feito para reverter a situação.

Questionado pela Lusa, Miguel Guimarães assumiu que ele próprio fará greve. O bastonário é médico urologista no Hospital São João, no Porto, e continua a exercer.

Os médicos iniciaram às 00h00 três dias de greve nacional, uma paralisação que os sindicatos consideram ser pela “defesa do Serviço Nacional de Saúde”. A reivindicação essencial para esta greve de três dias é “a defesa do SNS” e o respeito pela dignidade da profissão médica, segundo os dois sindicatos que convocaram a paralisação — o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e a Federação Nacional dos Médicos (FNAM).

Em termos concretos, os sindicatos querem uma redução do trabalho suplementar de 200 para 150 horas anuais, uma diminuição progressiva até 12 horas semanais de trabalho em urgência e uma diminuição gradual das listas de utentes dos médicos de família até 1.500 utentes, quando atualmente são de cerca de 1.900 doentes.

Entre os motivos da greve estão ainda a revisão das carreiras médicas e respetivas grelhas salariais, o descongelamento da progressão da carreira médica e a criação de um estatuto profissional de desgaste rápido e de risco e penosidade acrescidos, com a diminuição da idade da reforma.

Para esta tarde, a FNAM agendou ainda uma concentração em frente do Ministério da Saúde, em Lisboa. A paralisação nacional de três dias, que termina às 24h de quinta-feira, deve afetar sobretudo consultas e cirurgias programadas, estando contudo garantidos serviços mínimos, como as urgências, tratamentos de quimioterapia, radioterapia, transplante, diálise, imuno-hemoterapia, cuidados paliativos em internamento.