O presidente da Liga Portuguesa Contra o Cancro, Vítor Veloso, mostrou-se esta quarta-feira “extremamente preocupado” com o impacto da greve de três dias dos médicos nos doentes com cancro. “É uma greve que tem uma adesão muito grande e que obviamente vai fazer que muitos doentes que iam ser operados tenham de esperar mais tempo”, sublinhou o responsável, em entrevista ao Observador.

“O doente oncológico não pode esperar. A diferença, em grande parte das vezes, está no momento da primeira atitude terapêutica, na cirurgia. E aqui o doente sai altamente prejudicado. Pode estar em jogo a diferença entre uma sobrevivência com qualidade de vida ou uma morte prematura”, salientou Vítor Veloso.

Greve dos médicos atinge 90% nos blocos operatórios a nível nacional

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Apesar de compreender os motivos das várias greves que se registam este mês no setor da saúde, o presidente da Liga diz-se “preocupado em relação aos doentes”, que são “o elo mais fraco” no sistema. No primeiro dia, a greve registou uma adesão de cerca de 90% nos blocos operatórios em todo o país, chegando mesmo aos 100% em alguns locais, de acordo com os dados divulgados pelos sindicatos na terça-feira.

Vítor Veloso explica ainda que a Liga Portuguesa Contra o Cancro está neste momento a preparar um levantamento em todos os hospitais do país sobre as listas de espera para operações urgentes, sublinhando que “a culpa não é dos profissionais de saúde, que estão sobrecarregados”. O problema das listas de espera muito acima dos limites legais é uma das principais preocupações da instituição neste momento, garante o responsável. “Queremos resolver a situação junto das instâncias superiores”, afirma.

Adesão à greve dos médicos entre 85 e 95%, segundo balanço dos sindicatos

Esta terça-feira, o Diário de Notícias revelou que no hospital de Portimão, o tempo de espera para uma cirurgia muito prioritária no cancro da mama era de oito meses, quando as normas preveem um período máximo de 15 dias para este tipo de operações. Esta é uma das situações que levam a Liga Portuguesa Contra o Cancro a levar a cabo este levantamento. “Esperamos que todos respondam para que ajudem a perceber qual a realidade que se vive no país”, diz Vítor Veloso.