Já estão apurados os últimos finalistas da 63.ª edição do Festival Eurovisão da Canção. Durante a segunda semifinal, que decorreu durante a noite desta quinta-feira, em Lisboa, foram selecionados dez concorrentes — Sérvia, Moldávia, Hungria, Ucrânia, Suécia, Austrália, Noruega, Dinamarca, Eslovénia e Holanda. As duas grandes surpresas foram a Sérvia e a Moldávia, que muitos acreditavam não terem hipóteses de passar à fase seguinte. A Hungria, representada pela banda de nu-metal AWS, foi inesperadamente responsável por uma das grandes atuações da noite. Com direito a pirotecnia e tudo.

Estes países juntam-se assim aos outros dez apurados na terça-feira — Áustria, Estónia, Chipre, Lituânia, Israel, República Checa, Bulgária, Albânia, Finlândia e Irlanda. Além destes, irão atuar na grande final de sábado Portugal, enquanto vencedor da edição anterior, e os chamados “Big Five” (França, Alemanha, Itália, Espanha e Reino Unido), que têm acesso direto à final por serem os que maior contributo financeiro dão à União Europeia de Radiodifusão, a organizadora do evento musical. Ao todo, serão 26 países a competir pelo título de vencedor da Eurovisão de 2018. A cerimónia tem início marcado para as 20h e deverá terminar perto da meia-noite.

Mas quem é que são, afinal, os grandes vencedores desta segunda semifinal?

Sérvia

Sanja Ilić & Balkanika, “Nova Deca”

Chamam-se Sanja Ilić & Balkanika e são um grupo de instrumentistas e cantores originários da Sérvia, liderados pelo músico que lhe dá nome — Sanja Ilić. Nascido na capital Belgrado, Ilić deu os primeiros passos no mundo da música ainda em criança, compondo “Uniforms” quando tinha apenas 12 anos. Enquanto mentor dos Balkanika, tem procurado incorporar instrumentos tradicionais da zona dos balcãs em temas mais pop-rock. Originalmente composto por nove elementos (seis instrumentistas e três vocalistas), o grupo integra hoje mais dois trompetistas e uma vocalista. Com vozes femininas, num registo étnico, e “poderosas vozes masculinas”, com uma tonalidade mais rock — para recorrer à descrição disponível no site da Eurovisão –, os Sanja Ilić & Balkanika tocam uma espécie de versão modernaça da música tradicional do seu país de origem, a Sérvia. E foi exatamente isso que apresentaram esta quinta-feira em Lisboa. O tema que o trouxe à Eurovisão, “Nova Deca”, foi composto por Ilić e a mulher, Tatjana Karajanov Ilić.

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Moldávia

DoReDoS, “My Lucky Day”

Os DoReDoS são um grupo moldavo de folk-pop formado em 2011 e composto por Marina Djundiet, Eugeniu Andrianov e Sergiu Mîța. O nome da banda pode parecer estranho, mas não passa da junção dos nomes das primeiras duas notas da escola musical. O tema que apresentaram esta quinta-feira na Altice Arena, em Lisboa, “My Lucky Day”, foi escrita por Philipp Kirkorov — músico e compositor que representou a Rússia no Festival Eurovisão da Canção de 1995 –, que reparou no trio moldavo quando este participou num concurso de talentos em Sochi, na Rússia, em 2017.

Hungria

AWS, “Viszlát Nyár”

Os AWS são uma banda de nu-metal húngara, formada em 2006, em Budapeste. Compostos por Bence Brucker, Dániel Kökényes, Örs Siklósi, Áron Veress e Soma Schiszler, os AWS contam com uma sólida carreira de 12 anos, que já os levou a tocar um pouco por toda a Europa. Contam com três álbuns de originais, o último deles, Kint a vízből, lançado em 2016. O tema que trouxeram à Eurovisão chama-se “Viszlát Nyár”, que quer dizer qualquer coisa como “Adeus Verão”. A atuação do grupo, enérgica e com recurso a pirotecnia, surpreendeu os fãs na Altice Arena. Ninguém estava à espera de tanta energia e de stage dive.

Ucrânia

MELOVIN, “Under The Ladder”

Kostyantyn Mykolayovych Bocharov, de 21 anos, criou o projeto MELOVIN em 2012. Depois de várias tentativas falhadas de participar em concursos como o “Ukraine’s Got Talent” ou o “The X Factor”, Bocharov conseguiu finalmente ser selecionado para este último em 2015, acabando por vencer. Com a Eurovisão também não foi muito diferente — depois de se ter candidatado em 2017, mas sem grandes resultados, o cantor voltou ao concurso de seleção ucraniano em 2018, alcançando o primeiro lugar com o tema “Under The Ladder”, composto por si.

Suécia

Benjamin Ingrosso, “Dance You Off”

Benjamin Ingrosso é possivelmente o artista pop mais famoso da Suécia. Nascido a 14 de setembro de 1997, em Estocolmo, no seio de uma família de origem italiana, Ingrosso passou a infância e juventude a estudar piano e guitarra. As suas influências, porém, não têm nada a ver com os clássicos: Hall & Oates, Stevie Wonder e Michael Jackson são alguns dos artistas onde sempre foi procurar inspiração. Depois de ter desempenhado papéis em alguns musicais, Ingrosso ficou conhecido quando participou no Lilla Melodifestivalen, o evento que dava acesso ao Melodi Grand Prix Nordic (MGP Nordic), um concurso de música escandinavo destinado a crianças entre os oito e os 15 anos. O cantor sueco ficou em oitavo lugar no MGP Nordic de 2006. No ano seguinte, lançou o seu primeiro single, “Jag är en astronaut”, que o estabeleceu definitivamente como um dos grandes jovens talentos da Suécia. O tema que o trouxe a Lisboa, “Dance You Off”, foi composto por si e por MAG, Louis Schoorl e K Nita. Benjamin é primo do famoso DJ sueco Sebastian Ingrosso.

Austrália

Jessica Mauboy, “We Got Love”

Jessica Mauboy é uma das artistas mais famosas da Austrália. Nasceu a 4 de agosto de 1989, em Darwin, no seio de uma família de origens muito distintas — o pai é timorense e a mãe descende de dois povos indígenas australianos, os Wakaman e os KuKu Yalanji. A carreira musical de Mauboy iniciou-se em 2006, quando participou no “Australian Idol”. Desde então, já lançou cinco álbuns de grande sucesso, foi nomeada 24 vezes para os ARIA Music Awards (os prémios da associação da indústria musical australiana), andou em digressão com Beyoncé e colaborou com Ricky Martin, Flo Rida, Snoop Dogg e Pitbull. Em 2014, fez história ao tornar-se na primeira artista não-europeia a atuar como convidada na Eurovisão. Este ano, regressa ao evento como concorrente, com o tema “We Got Love”, que fala sobre o poder da música. A canção foi composta por Anthony Egizii e David Musumeci.

Noruega

Alexander Rybak, “That’s How You Write A Song”

Alexander Rybak nasceu a 13 de maio de 1986, em Minsk, na Bielorússia. Quando tinha cinco anos, a sua família mudou-se para Oslo, na Noruega, e foi aí que Rybak cresceu e estudou violino. Estreou-se nos palcos ainda muito novo, mas foi só em 2006, depois de ganhar o concurso de talentos “Kjempesjansen” com o tema “Foolin’”, influenciado pelas sonoridades do jazz, que se tornou conhecido na Noruega. O reconhecimento internacional chegou em 2009, altura em que venceu a Eurovisão (que nesse ano decorreu em Moscovo, na Rússia) com a canção “Fairytale” e fez história. O tema recebeu um total de 387 pontos, a pontuação mais alta da história da Eurovisão. Este ano, Rybak regressa ao concurso que lhe deu fama fora da Noruega com a música “That’s How You Write A Song”, composta por si. Será que o músico vai repetir o feito de 2009?

Dinamarca

Rasmussen, “Higher Ground”

Jonas Flodager Rasmusse tem 33 anos e vive na zona oeste da Dinamarca. É professor de canto e ator, tendo participado em musicais como West Side Story e Les Misérables. Do seu curriculum consta também uma participação num concerto dos The Rolling Stones, onde integrou o coro que acompanhou a banda britânica, e em espetáculos de tributo a lendas da música como Elton John, Paul McCartney e ABBA. O tema que trouxe à Eurovisão, “Higher Ground”, composto por Niclas Arn e Karl Eurén, foi inspirado na história de Magnus Erlendsson, Conde de Orkney (um arquipélago que hoje pertence à Escócia), relatada na Orkneyinga saga, e na sua recusa em lutar na Batalha de Anglesey Sound, em 1098. Contrariamente às crenças da época, Erlendsson não era apologista da violência. “Ele desafiou o seu rei e o seu código de conduta e defendeu aquilo em que acreditava. Esses valores estão reflectidos em “Higher Groun”, explica a Eurovisão no seu site.

Eslovénia

Lea Sirk, “Hvala, ne!”

Lea Sirk nasceu a 1 de setembro de 1989, em Goriška Brda, na zona ocidental da Eslovénia. Apaixonada por música desde pequena, iniciou a sua formação musical aos cinco ano, em Koper, especializando-se depois em flauta. Entre 2001 e 2007, participou em vários concursos nacionais e internacionais, terminando sempre nos lugares de topo. Depois de terminar a escola secundária, entrou para o Conservatório de Música de Genebra, onde completou a sua formação enquanto tocava em várias orquestras. Esta não foi a primeira vez que Lea Sirk atuou na Eurovisão. A eslovena participou nas edições de 2014 e 2016 como cantora de apoio. Candidatou-se também várias vezes ao concurso esloveno de acesso à Eurovisão, terminando em primeiro lugar apenas este ano. O tema que apresentou, “Hvala, ne!”, foi composto por si com a ajuda de Tomy DeClerque.

Holanda

Waylon, “Outlaw In ‘Em”

Lembra-se de Waylon? Pois bem, o cantor holandês está de volta à Eurovisão. Depois da estreia (para muitos inesquecível) de 2014, na companhia de Ilse DeLange, Waylon regressou ao concurso para apresentar o tema “Outlaw In ‘Em”, que compôs com a ajuda do russo Ilya Toshinskiy e o norte-americano Jim Beaver. O que resta saber é se o músico de 38 anos vai alcançar o mesmo sucesso de 2014. The Common Linnets — a banda que formou com DeLange — alcançou o segundo lugar no concurso, que nesse ano decorreu em Copenhaga, na Dinamarca. O impacto “Calm After The Storm” foi tal que o duo alcançou rapidamente a fama internacional. O álbum homónimo que lançaram nesse ano vendeu quase um milhão de cópias no mundo inteiro e chegou a número um no top de vendas da Holanda e a número três na Áustria.