O secretário-geral do PS, António Costa, disse esta quinta-feira que o congresso socialista que vai realizar-se este mês na Batalha é “um momento raro na vida política”, porque “o partido pode olhar a médio e longo prazo”. Em Matosinhos, perante uma sala composta por militantes e autarcas, António Costa, ao fazer esta noite a apresentação da moção “Geração 20/30”, assinalou, em dois momentos num discurso de mais de 40 minutos, aquilo que pretende que seja o congresso socialista agendado para 25 a 27 deste mês.

“Temos uma oportunidade muito rara na nossa vida política. Não temos de estar a dilacerar-nos pelo que estamos a fazer no Governo, não temos de estar a antecipar um programa eleitoral quando ainda temos um programa de Governo para cumprir ao longo do próximo ano e meio. E por isso podemos fazer uma coisa que raras vezes podemos fazer na política que é poder olhar para o médio e longo prazo, olhar para o fundo da sala, e ver que é que precisamos de fazer hoje em função do que queremos que o país seja daqui a dez anos”, disse António Costa. E mais tarde, depois de enumerar os vários desafios do presente e futuro e aquilo que vê como “conquistas” do atual Governo, o secretário-geral do PS, voltou ao tema congresso.

“Perante os problemas, a nossa missão é procurar soluções. Não estando neste momento pressionados para neste congresso nos centrarmos a resolver os problemas do imediato, é altura de definirmos uma estratégia para os desafios do futuro”, vincou numa intervenção marcada pelo apelo às diferentes federações e concelhias para que “ajudem a preparar um bom programa para as Legislativas”. Antes, o líder socialista tinha referido que “está a negociar com a concertação social para acabar com a chaga que é o desemprego e a precariedade no mercado de trabalho”, somando explicações sobre medidas para “uma nova geração de políticas de habitação”.

“Até 2024, teremos erradicado essa situação [referindo-se aos dados recentes que apontam para a existência de 26 mil famílias que ainda vive sem condições de habitação] e garantido habitação digna e condigna”, prometeu. No Cine Teatro Constantino Nery, depois de à entrada ter sido interpelado pelos lesados do BES/Novo Banco, Costa também falou das razões que o PS tem para se orgulhar.

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“Somos um partido que tem boas razões para ter orgulho do que tem vindo a fazer no Governo. Podemos ter orgulho, ainda há poucos meses, de termos conseguido a maior vitória autárquica de sempre na história do PS. Mas também temos de ter orgulho de sermos um Governo que a ano e meio das eleições não está conformado com os resultados obtidos e quer trabalhar para continuar a trabalhar ao serviço dos portugueses e ao serviço de Portugal”, referiu. Para 2019 estão agendadas eleições Europeias e Legislativas e António Costa prevê a realização de “uma grande convenção” em janeiro para “ter um grande programa” de candidatura europeia.

“Para estarmos ativos na Europa não nos basta escolher uma lista para o PE. Temos de ter um programa a defender e que defenda Portugal”, declarou. Já sobre as Legislativas acrescentou: “Se hoje podemos dizer com tranquilidade que cumprimos o que prometemos ou que palavra dada é palavra honrada foi porque não fizemos um conjunto de promessas avulsas. Fizemos uma agenda para a década. Cada compromisso que fizemos era porque sabíamos que estávamos em condições de poder cumprir”.

Num discurso que foi antecedido pelas intervenções da presidente da Câmara de Matosinhos, a socialista Luísa Salgueiro, bem como do presidente da Distrital do PS/Porto, Manuel Pizarro, António Costa enumerou e descreveu os vários “desafios” dos próximos anos começando pelas alterações climáticas, passando pela demografia, bem como o desafio da sociedade digital e apontou como meta o combate às desigualdades.