A empreitada de requalificação dos sinos do Palácio de Mafra, onde houve interdições de circulação por ameaçarem cair com o mau tempo, começou e vai decorrer por dois anos, afirmou esta sexta-feira a diretora-geral do Património Cultural.

O contrato com o empreiteiro já está a decorrer. O empreiteiro está a preparar a obra em gabinete, visto que é uma obra extremamente complexa e que requer trabalhos prévios, nomeadamente o levantamento da situação atual dos sinos, e a obra [física] só é visível passado algum tempo”, disse a diretora-geral, Paula Silva, à agência Lusa.

A 14 de março, o Tribunal de Contas (TdC) deu visto às obras, que foram lançadas a concurso em setembro de 2015, com um custo de 1,5 milhões de euros. Só nesse dia o TdC concluiu que estavam “preenchidos os requisitos de legalidade financeira para esse efeito por via de publicação da portaria de extensão de encargos.”

O visto do tribunal, necessário para o início das obras, foi pedido a 2 de novembro, mas estava pendente desde 19 de dezembro. Os ministérios da Cultura e das Finanças autorizaram um gasto de 1,5 milhões de euros entre 2018 e 2019 nas obras de requalificação dos sinos do Palácio de Mafra, segundo portaria publicada a 14 de março em Diário da República.

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A portaria de repartição de encargos pelos anos de 2015 a 2017 já tinha sido publicada em 2015 mas, como passados três anos as obras ainda não começaram, o Governo publicou a 14 de março deste ano, em Diário da República, uma nova portaria de extensão da despesa.

O Governo reconhece a “urgente necessidade de proceder à reabilitação” dos sinos e carrilhões do Palácio de Mafra “face ao avançado estado de degradação” assim como “riscos de segurança não só para o património em si, como para os utentes do imóvel e transeuntes da via pública”, uma vez que os sinos se encontram escorados por andaimes.

Contudo, admitem que estruturas de suporte de madeira dos sinos “apresentam apodrecimento generalizado” e que “existem cabeçalhos que, pela degradação da madeira e dos elementos metálicos, se encontram em perigo de queda, verificando-se, inclusivamente, deformações dos escoramentos em consequência do assentamento contínuo de estruturas e sinos, encontrando-se, frequentemente, peças, tanto de madeira como metálicas, ferragens e ligações, nos pavimentos das torres e nos terraços contíguos”.

Devido ao mau tempo deste inverno, existiram interdições à circulação pedonal, em frente às torres do Palácio para evitar acidentes decorrentes da queda de sinos ou outras estruturas. Partidos e Câmara Municipal alertaram na altura para a demora no início das obras.

Desde 2004, que os sinos, alguns a pesarem 12 toneladas, são presos por andaimes, solução provisória para garantir a sua segurança e das estruturas de suporte, em madeira, que estão apodrecidas, assim como das pessoas que circulam em frente ao palácio. Por isso, foram classificados como um dos “Sete sítios mais ameaçados na Europa” pelo movimento de salvaguarda do património Europa Nostra.

Os dois carrilhões e os 119 sinos, que marcam as horas e os ritos litúrgicos, constituem o maior conjunto sineiro do mundo, sendo, a par dos seis órgãos históricos e da biblioteca, o património mais importante do palácio. Em 2017, o palácio foi visitado por 377 mil pessoas.