Celebra-se este mês meio século desde que um grande movimento académico teve palco em França para lutar por reformas no setor da educação. Foi das mãos dos estudantes que nasceu  a maior greve geral da Europa com um número estimado de nove milhões de pessoas, depois de os operários fabris terem entrado na onda de protestos.

Tudo tinha começado a 2 de maio quando os estudantes da Universidade de Paris entraram em confronto com a polícia enquanto se manifestavam pelo encerramento da escola e pelo facto de a administração da universidade ter ameaçado expulsar os reacionários. Passados 50 anos, a Coleção de Belas-Artes de Paris conta a história do movimento através dos cartazes que o ilustraram.

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Entre maio e junho de 1968, as paredes de Paris foram forradas com cartazes simples e muitas vezes monocromáticos: as frases que os compunham e os grafismos que os desenhavam eram criados pelos estudantes da Faculdade de Belas Artes e depois levados todas as noites a uma assembleia geral onde todos os elementos dos posters eram levados a debate e avaliação.

De acordo com o Le Monde, nesse mês foram criados 500 cartazes diferentes com variações nas mensagens que transmitiam ou nas cores utilizadas — e que não fugiam muito do branco, do preto, do azul e do vermelho. A tiragem de cada um deles variava entre os mil e os dois mil por exemplar. E muitos satirizavam Charles de Gaulle, presidente de França na altura, ou enalteciam Daniel Cohn-Bendit, líder dos estudantes revolucionários de 1968.

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Todos estes cartazes integra a exposição  “Imagens em Luta – A cultura visual da extrema esquerda na França (1968-1974)”, que está no Palácio das Belas Artes de Paris até 20 de maio: “A exposição não é uma história visual da política, mas uma história política do visual. Possui cartazes, pinturas, esculturas, instalações, filmes, fotografias, folhetos, revistas, livros e folhetos, incluindo cerca de 150 publicações disponíveis através de uma biblioteca aberta”, explica o próprio palácio no site. A entrada na exposição é gratuita para estudantes, mas um bilhete normal custa 7,50 euros. Pode espreitar alguns dos trabalhos em exposição na fotogaleria.

Em Portugal também houve uma crise académica que abalou Coimbra e depois o resto do país em 1969. Por cá, a crise dos estudantes começou quando a Universidade de Coimbra estava a inaugurar o Departamento de Matemática e o presidente Américo Thomaz seguiu para a capital dos estudantes com o ministro da Educação, José Hermano Saraiva, numa época em que a contestação estudantil estava em alta. Quando a comitiva chegou a Coimbra foi recebida por um mar de capas negras com cartazes em protesto. Estavam nas ruas e nas faculdades e não havia forma de o regime as ignorar. Recorde aqui em baixo a história completa.

As fotos da crise académica de 1969, a luta das “capas negras”