O próximo Parlamento Timorense, a eleger no sábado, poderá ter o menor número de partidos de sempre já que, pelo menos matematicamente, apenas quatro deverão conseguir ultrapassar a barreira de elegibilidade de 4% dos votos válidos.

Este cenário é o mais provável com base numa simulação feita pela Lusa, tendo em conta o resultado obtido pelos partidos nas eleições de 2017. A distribuição dos 65 assentos só é conhecida exatamente no momento em que o último voto é tabulado, já que o Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE), responsável pela primeira fase da contagem, só no final divulga exatamente quantos timorenses votaram e quantos votos são válidos.

Se o processo for idêntico às eleições de 2017 — o escrutínio de sábado foi antecipado devido ao impasse político no país nos últimos meses — a distribuição de mandatos pode ser conhecida apenas na madrugada de segunda-feira, 40 horas depois do fecho das urnas.

A distribuição é feita pelo método Hondt, que é aplicado em Timor-Leste e que implica que os votos em forças que não consigam eleger ninguém para o Parlamento de 65 lugares são redistribuídos proporcionalmente pelos partidos que elegem deputados. Em algumas circunstâncias pode ser essa redistribuição que dita eventuais maiorias.

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Sem sondagens, exceto as próprias eleições do ano passado, é difícil prever exatamente quem terá que apoio, especialmente porque grande parte dos partidos concorrentes em 2017 estão agora reunidos em quatro coligações pré-eleitorais.

Essas quatro coligações — AMP, FDD, MSD e MDN — integram 15 dos 21 partidos, concorrendo contra quatro forças políticas que se apresentam separadamente: Fretilin, PD, PEP e PR. Com a calculadora disponibilizada pela Comissão Nacional de Eleições, a Lusa fez uma simulação da eventual distribuição de lugares, aplicando o número de votos obtidos pelos partidos políticos nas eleições de 2017 e a barreira de 4% dos votos válidos, mínimo necessário para eleger deputados.

No ano passado, quase 80 mil votos foram para partidos que não conseguiram ultrapassar a barreira dos 4%, ainda que uma fatia dessas forças políticas concorram agora unidas em coligação pelo que esta ‘perda’ poderá ser menor.

Em 2017 votaram 76,74% dos eleitores registados o que, se os números se repetissem, representaria cerca de 602 mil votantes. Desse número de votantes, 97,28% foram votos válidos, o que representaria um total de votos contabilizados de 585.400.

Neste cenário, a barreira de 4% dos votos seria de 23.416 sendo que cada ‘cadeira’ no Parlamento custaria cerca de nove mil votos, implicando que quem passe a barreira pode ter entre dois ou três deputados, no mínimo. Se os partidos e coligações obtivessem os mesmos votos que em 2017, então a Aliança de Mudança para o Progresso (AMP) teria 46,88% dos votos, o que lhe daria 33 lugares no Parlamento Nacional e maioria absoluta.

A Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) passaria a ser o segundo mais votado com 29,91% e 21 lugares (menos dois que atualmente) e o Partido Democrático (PD) ficaria em terceiro com 9,87% e seis cadeiras, também menos duas que atualmente.

A Frente de Desenvolvimento Democrático seria a única outra força no parlamento com 7,07% dos votos, suficiente para cinco lugares. Nenhuma outra coligação ou partido conseguiria superar a barreira de 4% dos votos válidos. As urnas abrem no sábado às 07h00 (23h00 de sexta-feira em Lisboa) e fecham oito horas depois.

Os votos expressos são separados em quatro grupos — nulos, brancos, válidos e alvo de reclamação — e, posteriormente atribuídos às oito candidaturas num processo que é acompanhado por observadores e fiscais partidários.

Depois de contados nas urnas, os votos são verificados a nível municipal e, posteriormente, verificados a nível nacional. As primeiras fases de contagem são da responsabilidade do Secretariado Técnico de Assistência Eleitoral (STAE) e a final da Comissão Nacional de Eleições (CNE). Os resultados finais são certificados pelo Tribunal de Recurso.