Os líderes dos dois partidos do Governo em Timor-Leste, Fretilin e PD, reafirmaram este sábado, numa conferência de imprensa conjunta, que “o compromisso” entre as duas forças políticas se mantém “mais forte”, apesar de terem ido hoje a votos separadamente.

“Estamos aqui para mostrar que o compromisso entre os dois partidos se mantém. Mesmo que tenhamos ido para as eleições individualmente não como coligação, existe um compromisso que é mais forte do que teria sido feito por escrito”, disse Mari Alkatiri, secretário-geral da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin).

Mariano Sabino, presidente do Partido Democrático (PD), disse que durante a campanha os dois partidos apresentaram programas “quase similares”, tendo como base o programa do Governo que apresentaram em conjunto no Parlamento.

“Quando se apresenta um programa similar, então temos que avançar em conjunto”, afirmou.

Convocada pouco tempo antes do fecho das urnas, a conferência de imprensa conjunta contou com alguns dos principais dirigentes dos dois partidos.

Além de Mari Alkatiri e Mariano Sabino, participaram ainda o vice-secretário-geral adjunto da Fretilin José Reis, o vice-presidente do PD Adriano do Nascimento e a atual vice-ministra da Educação, igualmente deste partido, Lurdes Bessa.

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A conferência de imprensa decorreu num hotel perto da sede do Comité Central da Fretilin, em Díli, e atrás da mesa onde intervieram os líderes partidários estavam três bandeiras, as dos dois partidos e uma de Timor-Leste.

Durante toda a campanha, especulou-se sobre o que o PD faria caso, depois das eleições, tivesse que escolher entre aliar-se com a Fretilin ou com a coligação da oposição, a Aliança de Mudança para o Progresso (AMP).

Na reta final da campanha, o próprio Mariano Sabino disse que uma decisão sobre isso seria anunciada depois de conhecidos os resultados.

Questionado sobre qual deve ser a opção do Presidente da República em caso de nenhum partido ter conseguido a maioria absoluta, Mari Alkatiri disse que o chefe de Estado deve repetir o que ocorreu no ano passado.

“O Presidente da República deve convidar a força mais votada. E posso garantir que se a AMP [oposição] for a mais votada, nós não vamos fazer o mesmo que eles fizeram”, disse, referindo-se à união da oposição para travar o Governo minoritário.

Uma hora depois do fecho das urnas e ainda sem que haja quaisquer resultados apurados, Mari Alkatiri disse que o eleitorado timorense tinha “correspondido de uma forma espetacular e digna” ao apelo dos líderes políticos e partidos para votar.

“Em algumas partes do país, mesmo com chuvas torrenciais, o povo conseguiu por de parte isso e continuou a votar”, disse.

“Hoje sabemos que há grande expetativa do povo e apelo a todos os partidos e coligações que participaram neste possesso eleitoral para que respeitem a vontade do povo e não tentem arranjar estratagemas ou razões para por em causa a legitimidade do voto do povo”, considerou.

Alkatiri, que se recusou a comentar alargadamente várias suspeitas sobre irregularidade levantadas pela oposição – além de considerar que “não têm valor” -, disse que “o povo votou com consciência” e as instituições eleitorais trabalham “com profissionalismo”.

“Agora não é tempo de campanha, é de respeitar a vontade do povo. Se há duvidas há caminhos a que podem recorrer incluindo ao tribunal”, afirmou.

Mariano Sabino também quis agradecer ao eleitorado a participação, insistindo na necessidade de “respeitar a voz do povo”, cabendo às forças políticas “respeitar o resultado” produzido pela “festa da democracia”.