Donald Trump não esteve presente esta segunda-feira na inauguração da embaixada norte-americana em Jerusalém, mas gravou uma mensagem de vídeo que foi transmitida na cerimónia, onde reconhece Jerusalém como capital de Israel, já que “Israel é soberano para determinar a sua própria capital”, e onde garante que está “comprometido” com a paz entre israelitas e palestinianos.

No mesmo dia que que os confrontos entre palestinianos e israelitas na Faixa de Gaza se adensam, fazendo nas últimas horas pelo menos 37 mortos e mais de 1.600 feridos, Donald Trump não se poupa nas referências a paz. “Os EUA serão sempre um grande amigo de Israel e um parceiro na causa da liberdade e da paz. Desejamos muita sorte ao embaixador Friedman no dia em que toma posse como nesta bela embaixada, e estendemos a mão a Israel, aos palestinianos e a todos os seus vizinhos. Que haja paz. Que Deus abençoe esta embaixada, que Deus abençoe todos os que servem nesta embaixada e que Deus abençoe os Estados Unidos da América”, disse.

Ao lado do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, a filha Ivanka Trump e o genro Jared Kushner representaram a administração de Donald Trump, cujo nome foi várias vezes entoado durante a cerimónia. “Hoje inauguramos oficialmente a embaixada dos EUA em Jerusalém. Porque Israel é uma nação soberana com o direito de determinar a sua própria capital, ainda que durante muitos anos tenhamos falhado a perceber o óbvio”, disse na abertura da mensagem.

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“A nossa grande esperança é pela paz. Os EUA permanecem verdadeiramente comprometidos em conseguir um acordo de paz duradouro”, disse ainda.

No Twitter, de resto, Trump começou logo por saudar a transferência da embaixada afirmando ser “um grande dia” para Israel. Donald Trump escreveu muito entusiasmado na sua conta no Twitter que os preparativos para o evento já tiveram o seu arranque e que este é “um grande dia para Israel”. O líder norte-americano sublinhou ainda que o canal de televisão Fox, de que é um fiel telespetador, transmitirá a cerimónia em direto.

O reconhecimento de Jerusalém como a capital de Israel e a transferência da embaixada, instalada até agora em Telavive, foram anunciados pelo Presidente dos Estados Unidos a 06 de dezembro, em consonância com a sua promessa de campanha, mas quebrando décadas de consenso internacional. Esta transferência coincide com o 70º aniversário do estabelecimento do Estado de Israel.

Pelo menos 37 palestinianos foram mortos hoje na Faixa de Gaza por tiros dos soldados israelitas na fronteira, onde milhares de pessoas estão a protestar contra a transferência para Jerusalém da embaixada dos Estados Unidos, segundo o Ministério da Saúde local.

Rússia critica mudança da embaixada

A Rússia criticou a decisão do Presidente dos Estados Unidos de transferir a embaixada norte-americana para Jerusalém, afirmando tratar-se de uma medida “sem visão” que irá alimentar ainda mais as tensões entre Israel e os palestinianos. A declaração foi feita pelo ‘número dois’ da diplomacia russa, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Mikhail Bogdanov, em declarações à agência noticiosa russa Interfax.

O vice-ministro russo reforçou que a decisão da administração Trump “vai contra a posição da maioria da comunidade internacional” e culpou ainda os Estados Unidos pela “grave escalada em torno de Gaza”, advertindo que a transferência da embaixada norte-americana “poderá desencadear confrontos em grande escala entre palestinianos e israelitas e provocar um número crescente de vítimas”.

Confrontos entre israelistas e palestinianos fazem 60 mortos e 2.771 feridos