Um mês antes de terminar a comissão de serviço como diretor da Polícia Judiciária, Almeida Rodrigues comunicou à ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, que não pretendia que esta fosse renovada. O seu subdiretor, Pedro do Carmo, procurador do Ministério Público, que foi levado para a PJ pela mão de Almeida Rodrigues, seguiu o mesmo caminho. Esta terça-feira ficou a conhecer-se quem sucederá a Almeida Rodrigues: Luís Neves, que agora liderava a Unidade Nacional Contra Terrorismo.

“A minha saída está relacionada com o fim de um ciclo. Cheguei à PJ com Almeida Rodrigues, depois vim para Lisboa com ele, fiz uma equipa com ele. Foi a Direção Nacional da PJ mais duradoura e mais estável. Durou 12 anos. Deixámos uma nova sede nacional, uma nova sede no Funchal, uma unidade de investigação criminal em Évora, em Portimão… Deixámos um país com uma criminalidade que vem diminuindo sistematicamente desde 2007, deixámos uma unidade nacional contra o Cibercrime criada e um gabinete de recuperação de ativos. Há resultados no combate à corrupção importantes. Há que dar lugar a outros”, disse ao Observador Pedro do Carmo, diretor-nacional adjunto.

Pedro do Carmo regressará ao seu lugar de origem, ao Ministério Público em Coimbra, mas Almeida Rodrigues completa 60 anos em agosto e deverá passar à “disponibilidade” — o equivalente à reserva na carreira militar. Em dezembro poderá reformar-se. Ao Governo disse que decidiu deixar o cargo “considerando o largo tempo que desempenhou aquelas funções, muitas vezes com sacrifício para os seus legítimos interesses pessoais e da sua família”.

Na nota do gabinete da ministra da Justiça, o Governo elogia Almeida Rodrigues, afirmando que “demonstrou elevadas qualidades e capacidades profissionais e pessoais na liderança daquela Polícia, sendo de destacar a absoluta lealdade e disponibilidade para o cumprimento da missão e o seu indissolúvel compromisso com a prossecução do interesse público”.

Luís Neves, que atualmente dirige a Unidade Nacional Contra Terrorismo, onde se concentra a investigação dos crimes mais graves e violentos registados em Portugal, assumirá o cargo de diretor. Há uma semana, nos corredores da PJ, falava-se no nome de Carlos Alexandre, juiz de instrução criminal, para o cargo. Mas o Governo optou por escolher alguém da casa.

(Texto atualizado às 18h17)

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