Estavam cobertas com papel mais escuro para ninguém conseguir ler, mas um grupo de investigadores, através de uma nova tecnologia, conseguiu decifrar o mistério de duas páginas no diário de Anne Frank. Frases sobre educação sexual e prostituição foram os temas que estiveram escondidos durante anos.

“Sabem porque é que as meninas da Wehrmacht (Forças Armadas da Alemanha Nazi) estão na Holanda? Para servirem de colchões para os soldados”. Esta é uma das quatro “anedotas porcas” que Anne Frank escreveu no seu diário, juntamente com mais 33 linhas educação sexual, diz o New York Times. “Quem ler estas passagens que agora foram descobertas não vai conseguir esconder o sorriso”, disse Frank van Vree, diretor do Instituto Holandês de Estudos sobre Guerra, Holocausto e Genocídios, que em conjunto com o Museu do Holocausto trabalhou para decifrar o que Anne parecia não querer revelar.

Segundo o jornal britânico The Guardian, os investigadores fotografaram as duas páginas, iluminaram a folha com uma lanterna e, através de uma tecnologia de processamento de imagens, decifraram as palavras do diário que Anne Frank escreveu enquanto esteve escondida dos nazis, durante a Segunda Guerra Mundial. O processo, dizem os investigadores, foi difícil, pois a escrita estava misturada com o verso das páginas e o risco de destruir o papel era grande.

“As anedotas porcas são clássicos entre crianças em crescimento. Elas deixam claro que Anne, com todos os seus dons, era acima de tudo uma rapariga normal”, acrescentou o diretor do instituto.

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Sobre a prostituição, Anne escreveu: “Todos os homens, sem exceção, andam com mulheres, daquelas mulheres que os abordam na rua e depois vão juntos. Em Paris, existem casas enormes para isso. O papá esteve lá”. Para os investigadores, se o texto for “interpretado em conjunto com a totalidade do diário, revela mais sobre o desenvolvimento de Anne como escritora do que o seu interesse por sexo”, tendo em conta que foram várias as vezes em que utilizou uma linguagem mais ousada.